Na noite desta sexta-feira, dia 07 de março, finalmente o Supremo Tribunal Federal tornou pública a lista de políticos citados na Operação Lava Jato. A investigação atinge 6 partidos, entre situação e oposição, além da campanha eleitoral de Dilma em 2010. Com 54 nomes, sendo 22 deputados e 12 senadores, a lista do procurador-geral da República Rodrigo Janot alça o “petrolão” à condição do maior e mais devastador escândalo da história política do país.
A lista traz um retrato da cena política nacional. No topo dela estão os presidentes da câmara, o deputado Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, um ex-presidente da república, Fernando Collor, e o clã “Sarney” com o nome de Roseana, filha de José Sarney e ex-governadora do Maranhão. A lista segue com personagens centrais do primeiro governo Dilma, entre ex-ministros e senadores, como os petistas Gleisi Hoffman, Vaccari Neto (o tesoureiro da legenda substituto de Delúbio Soares) e o atual líder do PT no Senado Humberto Costa; pelo PMDB, além de Cunha e Renan, figuram dois senadores de peso: Edison Lobão, fiel aliado de Sarney, e Romero Jucá, eterno articulador do governo. Mas a oposição, com um único citado, também deve ser atingida, já que o nome é o do senador tucano Antonio Anastasia, braço-direito do ex-candidato à presidência Aécio Neves.
As cifras são astronômicas. Para se ter uma ideia, fala- se que somente o ex-ministro das Minas e Energia Edison Lobão teria embolsado R$ 10 milhões de reais. Nos próximos dias, o conteúdo das delações premiadas deve vir a público aumentando a pressão sobre os políticos envolvidos. Renan Calheiros e Eduardo Cunha já deram sinais de que vão partir para o ataque, entendem que o governo, de algum modo, poderia te-los poupado da lista de Janot. Agora é guerra. Em outras palavras, esta situação deve paralisar o Congresso Nacional ou, ao menos, dificultar ainda mais a aprovação das medidas impopulares do pacote de Levy, com isso o Brasil segue parado, enquanto novas levas de demissões e cortes em setores importantes da economia avançam deteriorando o apoio popular ao governo. Assim, a cada dia aumenta a instabilidade política em Brasília e no horizonte vê-se uma crise sem precedentes na história recente do país.
Algumas questões precisam ser pontuadas. O escândalo da Petrobras veio à tona, em grande medida, pelo aprofundamento da crise da economia mundial, em especial, do setor petrolífero, o que causou uma escassez de lucros da Petrobras, secando a fonte do que antes era um verdadeiro oásis da corrupção. A partir daí o resto da história já é conhecida.
Em segundo lugar, se a corrupção se iniciou nos anos FHC ou então é até mesmo uma prática intrínseca à estatal, é difícil dizer, mas é certo que nos governos do PT a operação, por meio dos grandes contratos com empreiteiras, atingiu um grau de assalto nunca antes visto. Hoje compreende-se o papel das obras de infraestrutura, como a Refinaria de Abreu e Lima ou então a hidroelétrica de Belo Monte.
Em terceiro lugar, tais recursos desviados alimentaram, como se pode constatar, a aliança do PT com as velhas oligarquias e a direita neo-conservadora (evangélicos e afins). Nada foi por acaso. Quando Lula apertava a mão de um Collor de Mello, tal gesto tinha um preço oculto, às custas do saque dos cofres públicos, do prejuízo da maior empresa estatal brasileira.
Ao que parece, o projeto de poder do PT começa a ruir por dentro, como um não-projeto, como um grande desperdício de toda a potencialidade revolucionária contida neste imenso Brasil. Por outro lado, a burguesia, sobretudo aquela representada pelo PSDB dificilmente será capaz de ocupar o lugar do PT e desempenhar seu papel de bloqueio da luta de classes; assim, com o aprofundamento da crise institucional, em meio à crise econômica, somente os trabalhadores e a juventude podem construir uma perspectiva de futuro que arranque o país deste grande pântano em que hoje ele está submerso.