O chão de fábrica em geral avaliou como “boa, mas com certeza tínhamos direito a muito mais” a parcela de fevereiro da PLR (3,8 salários). A peãozada pressionou a empresa a pagar esse valor e a empresa cedeu pois tem medo de qualquer organização dos peões. A PLR serve pra baixar a revolta acumulada. Já a TM, em comunicado interno, ainda reclamou que “o volume de vendas e a eficiência produtiva ficaram um pouco abaixo do planejado”. É dessa forma que o patrão avalia uma produção que foi só pauleira e arrancou o couro do peão. Esse couro está hoje concretizado nas duas novas linhas de fundição na planta 1 que custaram R$20 milhões e nos tantos fornos que a empresa comprou.
Intensificação do trabalho
Como dissemos na edição 82, a TM usa a PLR para manter os salários lá em baixo e a produção lá em cima. Se os 3,8 salários foram a salvação de algumas dívidas, o chão de fábrica avalia muito bem que teria direito a uma parcela muito maior, pois sabe sob qual ritmo trabalhou de domingo a domingo.
A PLR acaba justificando uma intensificação do trabalho muito nociva para os operários. Quando a TM fala bonito em “superar desafios” e “fazer certo na primeira vez” ela mostra o lado limpo da moeda que economiza matéria-prima e evita gastos de produção, barateando suas mercadorias. No entanto o lado sujo da moeda é o aumento implacável da velocidade da produção, o aumento das tarefas de cada trabalhador, a pressão por horas extras, os ambientes insalubres (vejam denúncia detalhada nesta edição), os EPI’s precários somados à pressão e punições severas do regime ditatorial interno.
Tudo isso leva aos operários a trabalharem mais intensamente em menos tempo, não podendo nem parar pra respirar! Nosso grau de esforço nos últimos anos aumentou e muito! O resultado disso vemos
diariamente: doenças (físicas e psicológicas), acidentes, lesões, amputações e até mesmo mortes (vejam o caso recente de Campinas nesta edição). No fim, nossa força de trabalho se esgota em menos anos porque a fábrica consome ela mais rapidamente. Podemos receber mais em PLR, mas a troca compensa?
Intensificar a organização!
A única forma de garantir o básico (emprego e salário dignos de viver) é a organização da maioria do chão de fábrica. Nas mãos do patrão estão diversas armas contra os peões (a maior delas é a demissão), ao passo que os peões têm uma única arma (no entanto, a mais forte de todas): somos a maioria!
Organizar significa juntar, pouco a pouco, nossos companheiros de trabalho para nos defender contra os ataques do patrão. Se não nos juntamos ajudamos o patrão a quebrar nossa maior força.
Por isso discuta com os companheiros de confiança os problemas da fábrica, pressione de forma coletiva o sindicato para que auxilie no cumprimento das leis e negociações, utilize O Corneta como instrumento de organização e divulgação das reivindicações da maioria. Vamos à luta em defesa de nossas famílias! Emprego estável e salário sem arrocho! Resistir contra a pressão crescente!