“Toda ciência seria supérflua se houvesse coincidência imediata entre a aparência e a essência das coisas”, nos ensina Marx em sua obra teórico-programática, O Capital. Mas tal fundamento parece passar mais uma vez despercebido pela dita esquerda revolucionária brasileira, que continua a tomar a aparência imediata dos fatos por sua essência.
Os revolucionários precisam se antepor claramente, sem ambiguidades e tergiversações, à “frentona popular” pró-Lula ora formada. Mais do que serem levados pela onda oportunista que leva Lula ao poder, os revolucionários precisam nadar contra a corrente e esclarecer seus militantes e seguidores sobre o caráter nefasto dessas atividades. Só assim serão criadas melhores condições para uma luta dos trabalhadores contra o governo burguês de Lula amanhã.
Frente à instabilidade social mundial (passeatas e protestos), a burguesia se desespera, em crise de hegemonia política. A América Latina caminha para a ingovernabilidade. No Brasil a burguesia desenha um caminho: o bonapartismo. O bolsolulismo terminará com a soltura do chefe petista para salvar a nação capitalista.
O bolsolulismo é a principal corrente política em Brasília hoje. O nome de Aras para a PGR foi indicação velada de Jaques Wagner, quem hoje dá as cartas do PT em Brasília. Aras é a materialização do acordo Bolsonaro-PT. A CPI da Lava-Toga, entretanto, pode quebrar o acordão.
Um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad é o maior desastre para o futuro do país. Todos os contra corrupção, miséria e risco de autoritarismo devem se unir contra essa polarização. Qualquer unidade apenas contra Bolsonaro virará massa de manobra do PT em 3 semanas.
Bolsonaro colhe o que plantou. Mas o fascistoide usará o fato para se fortalecer nas eleições e se garantir no segundo turno. Diante de um real risco Bolsonaro nas eleições, qual deve ser a tática dos revolucionários?
A vitória de Boulos é a morte do PSOL como possível partido de esquerda. Nesta conjuntura, que exige algo verdadeiramente combativo, seguir no PSOL é se calar e dar cobertura de “esquerda” ao lulismo. Formemos já outro polo, revolucionário com lutadores do PSTU e muitos outros espalhados pelo país!
A ala radical do PSOL convocou atos contra a candidatura de Boulos pelo partido. Estão certos, por tudo o que a candidatura representa (autoritarismo da direção e aproximação com lulismo). Divulgamos o ato em solidariedade aos lutadores da esquerda do PSOL!
A confirmação de Boulos será a condenação do PSOL enquanto possível instrumento de emancipação da classe trabalhadora. Confirmada a candidatura, com as alianças burguesas que ela coroa, manter-se no PSOL significará legitimar a construção de um bloqueio à classe; significará atrasar o socialismo.
Boulos já pediu permissão a Lula. Na direção do PSOL, tudo está acertado para ele ser candidato (e, ao que parece, com apoio do PCB). A única chance de isso não ocorrer é uma revolta na base do PSOL. O conjunto da esquerda deve apoiar a base do PSOL, sem ficar olhando passivamente!