No próximo dia 11 de agosto será realizada a primeira atividade da “Mobilização nacional em defesa da democracia e por eleições livres”. Segundo a CUT, em seu site, é uma “grande frente de toda a sociedade” e uma “resposta às ameaças de golpe” perpetradas por Bolsonaro. No dia também será lida, em São Paulo, a “Carta aos brasileiros”, escrita por juristas da Faculdade de Direito da USP. O ato e o manifesto são também promovidos pela FIESP e pela FEBRABAN.
O dia 11/08 é apenas um primeiro dentro de uma série até a eleição. O dia 13 de agosto verá manifestações feministas pela democracia. O mês de agosto foi eleito pela UNE como o “mês do estudante” e verá uma série de atividades locais e em dias diferentes, “em defesa da educação e da democracia”. Também os sindicatos dos metalúrgicos de São Bernardo, São Caetano do Sul, São José dos Campos, São Paulo e Osasco anteciparam suas campanhas salariais para este mês, visando a construir uma “grande mobilização social” contra as “ameaças golpistas”. Em setembro (dias 7 e 10) haverá ao menos mais dois grandes atos de rua com a mesma característica.
A Transição Socialista é contrária à ida dos revolucionários e socialistas nesses “atos pela democracia”. Recomendamos também a nossos leitores que não o façam. Como já argumentamos, não há risco real de golpe hoje no Brasil. Todas essas mobilizações são apenas campanha disfarçada por Lula. Está se formando “uma grande frente de toda a sociedade”, envolvendo a grande burguesia e sindicatos, todos a favor de Lula. Algo assim só deve ser repudiado por quem busca uma luta do proletariado independente da burguesia.
Do PSOL, nada surpreende sua adesão absoluta ao ato e ao manifesto da USP/FIESP. Esse partido passou de mala e cuia ao lulismo em 2018. A UP se somou ao chamado dos atos e tem se gabado de ser o partido que mais denuncia a ameaça de golpe… Já o PCB publicou em sua página de facebook um chamado por “intensificar nas ruas as lutas contra o golpe”. UP e PCB, entretanto, não falam nada sobre assinar ou não o manifesto.
O PSTU, em seu site, afirma estranhamente que os revolucionários devem sim ir ao ato mas não podem assinar a nova “carta aos brasileiros” da USP/FIESP, para “não perder a independência de classe”. Ora, a ação vale mais do que as palavras. Por exemplo, em 1917 Lênin afirmava que os “soldados votavam com os pés” pelo fim da guerra (pois simplesmente abandonavam a frente de batalha). A verdade é que o PSTU assinará com os pés o manifesto da FIESP/FEBRABAN. Esse partido agora encobre a capitulação à frente pró-Lula com uma linha política esquerdista, afirmando que é necessário criar a “autodefesa dos trabalhadores” contra as ameaças golpistas.
Os revolucionários precisam se antepor claramente, sem ambiguidades e tergiversações, à “frentona popular” pró-Lula ora formada. Mais do que serem levados pela onda oportunista que leva Lula ao poder, os revolucionários precisam nadar contra a corrente e esclarecer seus militantes e seguidores sobre o caráter nefasto dessas atividades. Só assim serão criadas melhores condições para uma luta dos trabalhadores contra o governo burguês de Lula amanhã.