Assim que teve sua ordem de prisão decretada, na quinta feira, 5/4, Lula dirigiu-se ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), aonde permaneceu até o sábado, quando entregou-se à Polícia Federal. Lá, foi recebido por milhares de manifestantes. Foi nesse sindicato que Lula se construiu, há 40 anos, como a principal figura da política nacional. Mas, hoje, quantos operários restam ao seu lado? Quantos metalúrgicos foram defendê-lo de sua prisão?
Na sexta feira (6/4), o SMABC organizou uma marcha em defesa de Lula, saindo da Volkswagen à sede do sindicato. Poucos, dos milhares de trabalhadores, participaram. Enquanto passavam pelos ônibus, onde estava a maioria dos peões, os diretores sindicais advertiam do carro de som: “muitos desses companheiros que tão dentro desses ônibus vão se arrepender do dia que tão batendo palma”. Também na sexta, o Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, organizou protestos, o mais significativo na Renault, que bloqueou a BR-277. Também ali, a adesão da base foi baixa. Na internet, operários criticaram o protesto: “Metalúrgicos uma ova!!! Estamos todos trabalhando, quem está lá são os pelegos do sindicato. Não defendo bandido”. “Eu sou metalúrgico e estou trabalhando o dia todo, o SIMEC não está me representando nesse protesto.”. Quanto à forma de organização dessas manifestações: “O sindicato fez isso na troca de turno, impedindo pessoas que trabalharam o dia INTEIRO de ir embora no final do seu expediente. Lamentável…”.
Ao contrário do que dizem os petistas, o aumento real do salário mínimo foi baixo no governo Lula. Praticamente, só seguiu o aumento dos preços. Se compararmos com o que deveria ser o salário mínimo real (o calculado pelo DIEESE, de R$ 3,900), o valor oficial é muito defasado.
Durante os anos de governo do PT, o que aumentou verdadeiramente foi o grau de exploração dos trabalhadores. Muito mais do que nos governos anteriores! A classe operária trabalhou a todo vapor, rendendo lucros monstruosos aos patrões. Isso só foi possível com a direção dos sindicatos, do PT, controlando a classe nos locais de trabalho. Para seguir aumentando o lucro, os capitalistas foram pra cima dos empregos e salários, e foram ajudados por Dilma (que criou o PPE e pôs em pauta as reformas) e Temer (que segue o que o PT não terminou).
Para resistir aos ataques patronais, os operários precisam superar também a tradição de Lula nos sindicatos. É ela: o peleguismo; acordos a portas fechadas entre direção sindical e patrão; carreirismo no sindicato; distância da base; perseguição a lutadores honestos nas fábricas. É preciso um novo tipo de organização dos trabalhadores, pela base, com democracia e sem dinheiro de patrões e do governo!