Por Razão e Revolução (Argentina)
A população rechaçou a reeleição de Evo em 2016. Evo ignorou tais resultados e apelou ao Tribunal Supremos para lhe favorecer. O acordo pelas costas do plebiscito derivou em severos protestos. Quem tentou uma estratégia golpista foi Evo. E se deu mal…
As evidências de fraude eram abundantes. O próprio Morales as reconheceu, quando, num ato desesperado, convocou novas eleições.
Não se pode falar de “golpe de Estado” em meio a uma mobilização popular. Com esse critério, o argentinaço de 2001 seria também um golpe de Estado, bem como a Revolução Russa. Evo cai em meio a uma greve geral, que tem apoio até da COB [sobretudo nos departamentos, nas bases]. Um levante generalizado que contabilizou, pelo menos, seis manifestantes mortos e 400 feridos em todo o país, com incêndio da casa de funcionários e organismos públicos. O que as forças armadas fizeram foi negar-se a reprimir porque a burguesia não desejava desatar uma guerra civil neste momento.
Evo não convocou ninguém em sua defesa porque não tinha ninguém para convocar, dado que perdeu apoio popular, e não porque seja um “covarde”, como afirmaram em tweets Solano e Altamira [da falsa esquerda argentina]. Em seu momento, Evo pôde mobilizar suas forças. Agora quem o faz é a oposição.
Não é um triunfo da burguesia porque não estamos ante um retrocesso da classe trabalhadora. Pelo contrário, estamos frente a um cenário no qual o proletariado volta a tomar iniciativa. A oposição burguesa não entrará agora num cenário favorável. Assim como Temer e Bolsonaro, que enfrentaram as mesmas mobilizações que derrubaram Dilma.
O “trotskismo” argentino se alinhou com o campo burguês, convocando a freiar o que eles consideram um “golpe”. Ao fazê-lo, pedem a repressão dos manifestantes e apoiam os assassinatos de operários que Evo realizou para tentar se manter no poder. Isso é uma vergonha, que marca com toda a claridade a necessidade de criar uma nova esquerda na América Latina, que expresse os interesses dos trabalhadores e lute pelo socialismo.
Pela criação de organismos de poder operário, assembleias em bairros, fábricas, e todos os lugares de trabalho! Por uma Assembleia Geral de trabalhadores empregados e desempregados em todo o país, que decida uma saída para a crise!