Nós já nos pronunciamos sobre o caso da “Vaza-Jato” (veja aqui). Achamos que há politicagem lulista na forma como o site Intercept Brasil, de Glenn Greenwald, trabalhou informações sobre a Lava-Jato, mas, independentemente disso, acreditamos que essas informações devem ser divulgadas; Moro deve sair do governo e pagar por suas violações à legalidade burguesa (tornando-se suspeito em suas condenações); mas as provas contra Lula, fartas, não devem ser anuladas e ele deve continuar preso (com sua condenação sendo reformada em segunda e terceira instâncias).
Independentemente de qualquer coisa, não podemos nos calar frente às absurdas ameaças de Bolsonaro e Sérgio Moro ao jornalista/advogado norte-americano Glenn Greenwald. Moro baixou a Portaria n. 666 para mudar a Constituição nas partes referentes à Lei de Migração e à Lei de Refúgio, visando justamente a expulsar o jornalista do Brasil. A portaria, diz o texto, “regula o impedimento de ingresso, a repatriação, a deportação sumária, a redução ou cancelamento do prazo de estada de pessoa perigosa para a segurança do Brasil ou de pessoa que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”.
Ora, quem, na conjuntura atual, poderia ser essa “pessoa perigosa” estrangeira, a ser julgada por “ato contrário aos princípios e objetivos” da Constituição? Obviamente, o jornalista norte-americano. Bolsonaro nega que Glenn possa ser extraditado, mas, evidentemente, a portaria assume já o ar de ameaça – o que é mais que suficiente para nos posicionarmos publicamente contra.
Além disso, Bolsonaro – que não perde oportunidade de expressar sua miséria espiritual (que se alimenta da infeliz miséria material da população) –, teceu uma série de declarações preconceituosas contra Glenn Greenwald, visando a preparar a opinião pública para caçadas judiciais internas. Em seguida, Bolsonaro coroou sua afirmação anterior ao dizer que o jornalista “talvez deve pegar uma cana por aqui”.
Consideramos absurdas essas declarações de Bolsonaro e a portaria 666 de Moro. Para nós, não importa se se gosta ou não de Glenn – o direito ao sigilo da fonte por parte de um jornalista é um direito democrático elementar numa democracia burguesa. Defendemos o jornalista pelo mesmo motivo que, ontem, nos pronunciamos contra a censura dos ministros Toffoli (petista) e Alexandre de Morais (tucano) à revista direitosa Crusoé. Trata-se, inclusive, da defesa do nosso próprio direito de manifestação amanhã.
Abaixo a portaria 666 de Moro!
Abaixo as declarações infames de Bolsonaro!
Abaixo a perseguição a Glenn Greenwald pelo governo!