Na última semana, Geraldo Alckmin – o “Santo” das planilhas corruptoras da Odebrecht – escapou da operação Lava-Jato de São Paulo. O ex-governador é apontado na delação da Odebrecht como o receptor de 10,3 milhões de reais como doações não contabilizadas (caixa dois).
Ao se afastar do governo do estado para se candidatar a presidente, Alckmin perdeu o foro privilegiado e está suscetível à justiça de primeira instância, o que o colocou na mira da Operação Lava-Jato. No entanto, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu enviar à Justiça Eleitoral a investigação contra o ex-governador paulista que até então era criminal. Na esfera eleitoral, as penas costumam ser mais brandas e ter o tempo de prescrição menor.
Ainda que pareçam faltar provas mais consistentes de contrapartidas de Alckmin diante dos valores escusos que recebeu, a manobra política parece mais uma forma de livrar o “Santo” da Lava Jato. Todavia, não temos dúvida de que ninguém ganha dinheiro assim (caixa dois) de graça. E não temos dúvida de que a ida do “Santo” à justiça eleitoral foi para salvá-lo da Lava-Jato de SP, que tenderia a lhe trazer mais percalços.
Pior ainda são os precedentes que esta manobra deve abrir. A decisão do STJ foi endossada por Luciano Mariz Maia, vice-procurador-geral da República. Isso muda o entendimento até então vigente no Ministério Público Federal, de que o crime de caixa dois em geral excede um delito apenas eleitoral. Não à toa o ex-procurador-geral, Rodrigo Janot, que deu corpo à operação Lava-Jato, denunciou a mudança como “tecnicamente difícil de engolir”. Com o novo entendimento aplicado para Alckmin, 20 dos 84 políticos delatados pela Odebrecht podem escapar da Lava-Jato e terem seus casos encaminhados à Justiça Eleitoral. Entre eles estão o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o presidente da FIESP Paulo Skaf (MDB). O primeiro é visto como possível candidato à presidência e o segundo como forte candidato ao governo do estado de SP.
Se até o último final de semana havia certa divisão da população trabalhadora quanto à prisão de Lula (a maioria a favor da prisão), hoje, com tal fato consumado, a esmagadora maioria pede a prisão de todos os corruptos de forma uníssona. Aqueles que exigiam a prisão do ex-presidente em sua maioria estendem sua indignação contra os demais corruptos do PSDB, MDB etc. Aqueles que a denunciavam como arbitrária hoje exigem tratamento igual aos adversários políticos de Lula, muito mais do que a reversão de sua condenação. O problema é que este sentimento generalizado, pela prisão de todos os corruptos, não encontra respaldo em nenhuma das grandes direções políticas atuais, sejam os direitosos petistas ou a direita histérica (MBL, VPR etc.). Eles todos têm os rabos presos e estão afundados na lama da corrupção; importam-se apenas com salvarem-se; denunciam a corrupção do outro de forma oportunista, mas morrem de medo de terem o mesmo destino quando qualquer um é condenado. Por isso, não travam nenhuma luta contra a corrupção de forma séria nem convocam mobilizações. A desmoralização desses grupos diante das massas é evidente, e esse espaço precisa ser ocupado urgentemente!
A esquerda socialista deve aproveitar este momento ao máximo para denunciar Alckmin e todos os corruptos burgueses, dar vazão à indignação popular, articular ações, convocar atos que aglutinem os mais aguerridos. Ainda que em primeiro momento não se consiga reunir amplos setores, é preciso ocupar esse espaço aberto pela conjuntura, se adiantar e contribuir para novas explosões da crise política e da luta de classes no Brasil.
Pizza e impunidade não!
Abaixo a blindagem de Alckmin e dos tucanos na Justiça!
Fim do foro privilegiado e prisão para todos os corruptos!