Há poucos meses queriam que nós, da TS, votássemos em Boulos (e variantes lulistas) para impedir o “perigo da direita”. Hoje Boulos senta pra jantar com representantes da burguesia evangélica brasileira. Por exemplo, Marcos Pereira, bispo da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) e presidente do Republicanos (partido da base do governo Bolsonaro, ao qual estão filiados Flávio e Carlos Bolsonaro). Veja aqui o comentário de Marcos Pereira, cheio de elogios a Boulos.
Nada há de novo na relação de Boulos com setores burgueses. A única diferença é que agora ele não pode mais esconder. Se antes ele mostrava publicamente os dentes para a burguesia mas vivia em afagos com ela às portas fechadas, agora – desde que se tornou um “candidato viável” no jogo do eleitoralismo vazio – ele é obrigado a ser coerente. É assim, na realidade, desde aquela reunião com representantes da especulação imobiliária em meio à eleição de 2020. Só assim são mantidos os acordos e se consegue votos.
Para esconder seus interesses eleitoreiros, Boulos usa a desculpa esfarrapada, de sempre, de que “o proletariado é evangélico“, de que “há muitos evangélicos de luta”, de que “temos de estabelecer laços com o povo” etc. Ora, desde quando, para lutar com a população por moradia, emprego, salário, é preciso fazer acordos com a burguesia interessada na manutenção da miséria popular?
Boulos agora é cúmplice daqueles que se aproveitam da miséria e da ignorância. Para eles, quanto mais miséria, melhor.
Boulos se tornará candidato ao governo estadual paulista para favorecer Lula em 2022. Está já com esse seu gesto indicando o que gostaria que seu partido, o PSOL, fizesse: não atrapalhasse nem se pusesse no meio do caminho de retorno do PT ao poder. Assim ele, Boulos, pode ser sócio minoritário do banquete indigesto que Lula e o pior do obscurantismo evangélico preparam para a classe trabalhadora brasileira.
E a militância do PSOL, aceitará? Ao que tudo indica, sim…