Transição Socialista

Crise do governo se aprofunda: às ruas para derrubá-lo! Fora Bolsonaro!

A crise política, econômica e sanitária se aprofunda a largos passos no Brasil. A população, assolada pelo desemprego (14,4% da população, ou 14,4 milhões de pessoas), pela corrosão dos salários frente à inflação e pelo vírus (chegamos na terça-feira na marca criminosa de 450.000 mil brasileiros mortos por COVID), está compreensivelmente desesperada e cada vez mais revoltada. Já o governo Bolsonaro se desagrega diante da CPI da Covid e se mostra a cada dia mais frágil, como é demonstrado pelas suas tentativas desesperadas de colocar nas ruas as suas bases de apoio (estas cada vez mais capengas). Tais demonstrações de força, longe de segurarem o aprofundamento da crise, jogam mais lenha na fogueira. A ida de Pazuello ao ato bolsonarista no domingo, por exemplo, criou uma nova crise de Bolsonaro com o Comando do Exército e precipitou a reconvocação do general para a CPI, após ter passado relativamente incólume frente as mais absurdas mentiras.

Tudo indica que o processo de enfraquecimento do governo se ampliará, considerando-se, inclusive, a possibilidade de uma terceira onda de disseminação do vírus. A articulação de Bolsonaro se desfaz e órgãos até ontem controlados pelo bolsonarismo parecem escapar de suas mãos. Veja-se, por exemplo, a atuação da PF contra o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao que tudo indica envolvido em contrabando de madeira para os EUA. É sabido que a PF tem diversas alas internas, mas, dada a fragilização do governo, setores passam a agir com maior autonomia. Não passam, entretanto, sem tentativas de retaliação do governo: o delegado Alexandre Saraiva, que cuidava da superintendência da Polícia Federal no Amazonas, apresentou a notícia crime contra o Ricardo Salles, antes da operação, e foi destituído do cargo. O diretor geral da PF, Paulo Maiurino (indicado em abril por Bolsonaro) também havia proposto, em documento enviado ao STF, retirar a autonomia de delegados nas investigações de autoridades com foro especial, após o pedido da PF de investigar o ministro Dias Toffoli, com base na delação de Sérgio Cabral e após a própria operação contra Salles.

O temor de Bolsonaro continua sendo de que órgãos como a PF e o MPF fujam de seu controle e possam eventualmente levar seus asseclas para a cadeia. A pressão descarada para que se curvem a seus desígnios, somado à revolta popular crescente, pode, pelo contrário, desmoralizá-lo ainda mais e fazer com que sua situação se agrave.

Essa situação de enfraquecimento rápido de Bolsonaro torna o PT apreensivo. Lula retornou na última semana bastante preocupado, pois essa situação pode botar a perder sua tática para o próximo período: deixar Bolsonaro “sangrando” (e sabe-se lá quantos milhares mais de brasileiros morrendo) para se sagrar vencedor nas eleições de 2022. O medo de Lula e dos petistas é que Bolsonaro nem mesmo tenha força para ir a um segundo turno – ou mesmo que, de agora até lá, caso as coisas saiam do controle, o presidente seja impeachmado. Conforme noticiado no Estadão, a alta de Lula nas pesquisas levou o PT a diminuir a pressão pelo impeachment, para a alegria do Palácio do Planalto.

Com o objetivo de manter tudo sob controle para o lulismo é que Renan Calheiros está à frente da CPI. Para o mesmo propósito, o ministro Lewandowski concedeu na semana que passou habeas corpus ao Gen. Pazuello. Assim, este não poderia ser preso na CPI e teria o direito de se manter em silêncio quando questionado sobre problemas envolvendo sua própria pessoa. O petista mór Lewandowski buscou assim blindar o principal depoente da CPI, com as consequências que todos vimos: Pazuello mentiu descaradamente, sob juramento, sem a maior cerimônia, para depois ir ao ato bolsonarista no domingo e gerar uma nova crise para o governo.

Esse é o problema para os petistas e para Bolsonaro: as coisas andam mais rápido e fora do controle do que eles gostariam. A situação nacional é tão escabrosa, o governo é tão incompetente e nefasto, que não há script que dê conta. Pazuello, Ernesto Araújo e outros (sem falar dos a vir) fornecem provas que podem levar à prisão de figuras do alto escalão e ao impeachment de Bolsonaro.

Também nas ruas o clima esquenta. A situação de descontentamento é grande em parcelas bastante significativas da população. Só não há ainda grandes passeatas por medo frente à disseminação do vírus, mas esse cenário começa a mudar. O presidente ainda conta com uma fiel base de apoio, mas esta se desintegra a cada dia. Cada vez mais os ontem-bolsonaristas passam à camada dos “neutros”, caindo sob influência dos antibolsonaristas, que crescem em dimensão. As condições estão dadas para protestos massivos contra o governo. Tendo isso em vista, inclusive, os bombeiros de sempre, como Boulos, já se lançam à frente dos protestos para mantê-los sob seu controle e do lulismo. O pior pesadelo para os petistas e para Bolsonaro seria a irrupção de massas nas ruas, precipitando uma crise social como aquela que agora vemos na Colômbia.

É por esse motivo que fortalecer as ruas é neste momento fundamental. Em primeiro lugar, pois há motivos de sobra para a maioria da população protestar. Vírus, miséria, fome, demissões, desemprego, arrocho salarial, inflação, despejos de casas, e um longo etc. Derrubar Bolsonaro continua sendo a tarefa principal para desencadear essa revolta latente da população brasileira contra o governo burguês de plantão.

Em segundo lugar, os protestos são o que pode fazer minguar o script petista. Se Bolsonaro cai, acaba a polarização com Lula e, assim, este se enfraquece nas próximas eleições. A derrota de Lula é chave para enfraquecer as forças que hoje bloqueiam a esquerda revolucionária e a luta da classe trabalhadora. Desestabiliza-se, assim, um elo fundamental da dominação burguesa no país. O afogamento conjunto de Bolsonaro e Lula, portanto, passa por ocupar as ruas – a começar por esse sábado, dia 29/05.

TODOS AO ATO!

TOMAR AS RUAS CONTRA O GOVERNO!

FORA BOLSONARO!