Transição Socialista

Centrais sindicais traem paralisação de 30/06

Havia disposição de luta da classe trabalhadora para que a paralisação de 30/06 fosse forte, mas o dia infelizmente foi marcado pela grande traição das nossas maiores centrais sindicais: CUT, Força Sindical, UGT e CTB que boicotaram a paralisação nacional. Ainda assim, um setor importante da vanguarda da classe trabalhadora brasileira parou a produção e foi às ruas para lutar contra as reformas e o governo. A paralisação, embora pequena e localizada, foi importante por demonstrar, mesmo que em nível localizado, que é possível fazer mais do que as principais direções sindicais da classe trabalhadora estão fazendo.

Nunca foi de interesse das grandes centrais sindicais realmente barrar as reformas nefastas de Temer (trabalhista e previdenciária), menos ainda derrubar esse governo corrupto. À burocracia sindical importa apenas manter sua parasitagem da classe trabalhadora, seus interesses estão atrelados aos da burguesia e de seus representantes políticos no Congresso e nos governos.

Como todos sabem, a Força Sindical e a UGT sentaram-se para negociar com o governo a manutenção do imposto sindical, e em troca recuaram de paralisar suas bases nesse dia. Embora oficialmente (sob pressão) ambas mantivessem o chamado unitário a “parar o Brasil”, seus sindicatos deliberadamente defenderam que as categorias não paralisassem e não convocaram assembleias de base. A UGT, por exemplo, diante da disposição dos condutores de São Paulo em repetir o feito de 28 de abril e parar a maior cidade do país, teve que soltar uma nota oficial do sindicato dos condutores dizendo que os ônibus não parariam neste dia. Esse freio desmobilizou o conjunto da greve dos transportes, isolou os metroviários e enfraqueceu a confiança das demais categorias da cidade em aderir. A Força Sindical mal apareceu nas portas das fábricas cujas bases dirige.

A CUT e a CTB tampouco mobilizaram suas bases; não chegaram perto das fábricas e fizeram no máximo paralisações de faixada entre bancários e professores; convocaram um ato na Paulista com as bases petistas da pequena burguesia por “Diretas Já”, desviando a luta pela derrubada do governo e as reformas para uma campanha eleitoral disfarçada de Lula. Para eles, é melhor que as reformas passem sob o governo Temer para que Lula assuma a presidência sem arcar com o ônus da impopularidade de ter de implementá-las.

Essas direções demonstraram seu papel traidor definitivamente, justamente no momento em que o governo Temer está por um fio. Temer, envolto na lama até o pescoço, entra para a história do país como o primeiro presidente denunciado. Há provas cabais contra ele, amplamente divulgadas na própria imprensa burguesa.

Fica claro como o “Fora Temer” na boca do PT e suas lideranças sindicais era só diversionismo. Quando realmente se abre a possibilidade de derrubar o presidente, PT e asseclas passam a acobertar o presidente ou a defendê-lo abertamente, como fez Lula.

As principais centrais sindicais, na prática, vendem o couro do trabalhador para preservar seus privilégios ou salvar os seus da cadeia. Não à toa, despertam tanta rejeição até mesmo à ideia de organização sindical entre os trabalhadores, que os veem, corretamente, como oportunistas.

A estrutura sindical brasileira, desenhada na era Vargas para atrelar e submeter as organizações de trabalhadores ao Estado, é um celeiro de oportunistas e burocratas que vivem de trair as lutas, costurar acordos com patrões e governos pelas costas dos trabalhadores. Nas últimas décadas, o nível de venditismo das principais lideranças de centrais como CUT e Força só se aprofundou, e chegamos a uma situação em que boa parte dos sindicalistas sequer tem contato com as bases de trabalhadores. A Força, em muitas de suas bases, sequer aparece para organizar qualquer luta séria, mas por nada larga o osso do imposto sindical; a CUT, que em palavras se diz contra tal imposto, não fica muito atrás na parasitagem: basta lembrar os escândalos envolvendo fundos de pensão e sindicalistas filiados a esta central.

Os sindicatos e as centrais podem ser importantes instrumentos para organizar a luta dos trabalhadores, mas para isso é preciso varrer das nossas entidades, com muita luta, os oportunistas que nelas se instalam para defender o interesse do patrão e se vender para o governo. É preciso superar a tradição pelega, que ignora a organização pela base e se limita a eleger representantes que negociem pelos trabalhadores nas estruturas legais criadas pela burguesia.

Ainda assim, a principal tarefa dos revolucionários – neste momento histórico em que os grandes sindicatos e centrais sindicais se tornam instrumentos do Estado burguês – é criar as bases para um verdadeiro trabalho sindical, revolucionário, no interior das grandes empresas. Para o próximo período, o fundamental é preparar, conscientemente, sigilosamente, o trabalho revolucionário dentro das fábricas que vise à criação de comitês de fábrica no momento correto.

O acerto da minoria de sindicatos combativos no dia 30

Elogiamos a disposição de luta das centrais menores, dirigidas pela esquerda socialista, que pararam localizadamente a produção. Foi o caso da CSP-Conlutas e da Intersindical Instrumento, fundamentais para que os lutadores demarcassem posição contra os oportunistas sindicais no movimento geral da classe trabalhadora. Mesmo que tenha sido numericamente pequeno, o dia 30 serviu para mostrar que é possível lutar, e para isso basta apenas disposição das direções da classe trabalhadora. Isso é fundamental para que a classe como um todo perceba a necessidade e importância de derrubar os grupos burocráticos das entidades e instalar, nelas, verdadeiros lutadores pelos interesses da classe trabalhadora.

O dia 30 foi, por isso, importante para a reorganização futura da classe trabalhadora, por conta da correta posição que tiveram as suas principais direções revolucionárias, que, apesar de pequenas, não faltaram ao combate em defesa de nossas condições de vida. Mesmo que isso tenha pouco impacto imediato, o dia 30 demonstra quem não tem rabo preso com o Estado entre os sindicalistas, e começa por isso a separar o joio do trigo aos olhos dos trabalhadores.

Adiante na luta!
Pela total independência dos sindicatos em relação ao Estado!
Abaixo as reformas de Temer! Abaixo o governo Temer!