Transição Socialista

Como derrotar Dilma e o PT?

A combinação da crise das instituições burguesas com a crise econômica tem colocado os governos dos mais diversos partidos e o Congresso Nacional numa situação limite. Além do profundo desgaste provocado pelos escândalos de corrupção, os governos e o Congresso têm sido obrigados a desvelar seu caráter de classe, ao atacar os direitos dos trabalhadores em nome da continuidade do pagamento da dívida pública aos credores capitalistas.

É o caso dos ataques a direitos como o seguro desemprego, a aposentadoria e, mais recentemente o chamado Plano de Proteção ao Emprego (PPE) lançado pelo governo Dilma, que impõe redução salarial associada à redução da jornada de trabalho.

Os trabalhadores reagem. Antes de o governo regulamentar a criação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), a Mercedes-Benz e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC negociaram um acordo para a redução de 20% da jornada de trabalho com diminuição de 10% de salário por um prazo de um ano, em troca de estabilidade no emprego. Em votação na fábrica, 73,8% dos 7.559 trabalhadores rejeitaram a proposta, em votação secreta. Afinal, diante de uma inflação crescente, que se aproxima dos dois dígitos, como aceitar o rebaixamento do salário? Como admitir receber menos se os preços de todas as mercadorias estão subindo aceleradamente?

O plano de Dilma é ainda pior do que a proposta apresentada pela Mercedes e pelo sindicato. A redução salarial seria de 15% ao invés de 10%. Evidentemente, se fosse colocado em votação, o PPE seria igualmente rejeitado pelos operários.

Dilma utilizou a mesma lógica do PPE entre os servidores públicos federais, quando propôs cerca de 5% de reajuste ao ano para os próximos quatro anos. Se fosse aceito, os servidores assumiriam uma perda salarial de mais de 20% no próximo quadriênio.

Como se vê, o governo do PT quer que todos os trabalhadores paguem a conta. Mas essa postura não é uma exclusividade do PT. No Rio Grande do Sul, o governo Sartori (PMDB) anunciou o parcelamento dos salários de julho dos servidores do Estado, que seria feito em três vezes, uma imediatamente, outra no dia 13 e a terceira no dia 25. Logo depois do anúncio, feita nessa sexta-feira, várias categorias de servidores deflagraram greve a partir de segunda-feira, dia 3/8. A Associação que representa os policiais militares gaúchos fez um pedido de prisão e sequestro de bens do governador.

O PSDB também não fica para trás no ataque aos trabalhadores. Os governadores Beto Richa e Geraldo Alckmin enfrentaram os professores de seus estados, tentando impor-lhes severas perdas.

Saudamos as iniciativas das categorias que já entraram em luta para impedir que mexam nos seus salários. Elas indicam o caminho para os demais trabalhadores, o caminho da luta defensiva contra os ataques do capital e de seus representantes contra suas condições de vida.

Numa conjuntura como esta, marcada pela crise institucional e econômica, a mera defesa das condições de trabalho e de vida assume um caráter explosivo. É como uma fagulha de pólvora que se alastra rapidamente. Nesse sentido, no momento atual, a luta contra o governo Dilma e todos os governos da ordem burguesa passa pela luta em defesa dos empregos e dos salários.

A separação entre a luta econômica e a luta política, tão comum e ao mesmo tempo tão nefasta à esquerda, é, em momentos como esse, superada pela própria conjuntura. Atualmente, para lutar contra Dilma, Alckmin, Richa, Sartori, Cunha, Renan e todos adversários dos trabalhadores é preciso dar a voz aos trabalhadores, estimulá-los a defender o pão de cada dia, pão que todos aqueles querem roubar para transferir aos capitalistas, via pagamento da dívida pública, incentivos fiscais, etc.

Atualmente a luta aparentemente econômica já se transforma numa luta política. Não é a toa que muitos ex-petistas, ainda ligados emocionalmente ao partido, se recusam a aderir às greves por considerarem que isso desgastaria ainda mais o governo Dilma. Eles estão certos num único aspecto: na conjuntura atual toda greve ganha um caráter político, não apenas contra o governo federal, mas contra a ordem burguesa.

Vivemos novos tempos, herdeiros dos levantes de junho de 2013, que recolocou a luta de classes no seu devido lugar no Brasil. Diante do acirramento da luta de classes, todos os personagens sociais entram em cena, da extrema direita à extrema esquerda. Finalmente a classe trabalhadora e, sobretudo, a classe operária, se defendendo dos ataques, inicia a ocupar seu espaço, dizendo, em alto em bom tom: ninguém mexerá nos nossos salários!

O próximo passo é incluir:

ninguém mexerá nos nossos salários e nos nossos empregos!

DEFESA DOS EMPREGOS E SALÁRIOS JÁ!