Nesta próxima sexta-feira, 30/06, teremos mais uma paralisação nacional da classe trabalhadora contra as bárbaras reformas capitalistas do governo de Michel Temer.
Em nome de pagar a dívida pública ilegal a gigantescos bancos capitalistas, Michel Temer quer cortar as verbas da previdência e acabar com a sua aposentadoria. Ele quer que você trabalhe até morrer. Ele mesmo, Michel Temer, que é acusado de combinar propina de 500 mil reais por 20 anos com a JBS, para ser uma “aposentadoria” sua (segundo as próprias palavras do dono da JBS).
Em nome de tornar as relações de trabalho no Brasil mais “competitivas” com o resto do mundo, nos níveis das condições de trabalho na China e no México (ou até pior do que elas), o governo de Temer quer realizar uma avassaladora flexibilização nas relações de trabalho. Com a reforma, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é rasgada, e “o acordado entre empresa e sindicato” passa a valer mais do que a legislação trabalhista. É verdade que a CLT já não é o melhor dos mundos possíveis, e que essas relações de acordo entre empresa e sindicato já valem em alguns lugares (com apoio de grandes sindicatos!), mas as coisas sem dúvida podem ser pioradas. Alguém duvida que, com a ampla gama de pelegagem sindical reinante no Brasil, fazer o “acordado” valer mais do que o legislado não tornará o mercado de trabalho brasileiro um grande oásis para a exploração capitalista?
Pode-se fazer — corretamente — muitas e sérias críticas às centrais sindicais. Elas estão em alto grau atreladas ao Estado capitalista, funcionando como um braço deste no seio da classe trabalhadora (e muitas vezes de forma policial, ajudando a perseguir e demitir lutadores); elas quebram e impedem formas de democracia operária (calando frações sindicais, fraudando eleições, etc.); elas atuam para freiar e desmontar os movimentos que surgem entre os trabalhadores…
Aliás, em algumas das últimas paralisações, as principais centrais combinaram lock-outs (fechamentos das fábricas pela própria burguesia) com as principais empresas, sobretudo metalúrgicas, que mandaram os operários para casa. Estes não trabalharam no dia da “Greve Geral”, mas tiveram de repô-la em seguida, no feriado, como aconteceu na Grande São Paulo. Tanto é que, nas bases, os operários denominam a última “greve geral” de “dia de paralisação dos ônibus e trens”. Nas principais fábricas do país, a classe capitalista não perdeu nada em mais-valia, não perdeu nada em extração de riqueza, e a classe trabalhadora perdeu ao ver seu calendário de vida e trabalho bagunçado…
Ora, todos esses elementos – centrais funcionando como agentes capitalistas nos locais de trabalho e “greves gerais” sendo usadas para enrolar o peão – são, sem dúvida, ruins para a classe trabalhadora. Mas é importante ver um pouco além: deve-se notar que os sindicatos são obrigados a se mover (e a trair), e qua burguesia é obrigada a fazer lock-out… Ou seja: há algo que obriga tanto os sindicatos pelegos quanto a burguesia. Esse algo é a pressão das bases. A burguesia tem que fechar suas fábricas por medo de que os que estão lá dentro cruzem os braços. Os sindicatos são obrigados a fazer uma farsa de paralisação, com medo de serem atropelados. Há portanto, no final das contas, um elemento positivo: uma pressão da crescente da classe trabalhadora, uma disposição de luta, que ainda não encontra uma forma organizativa à altura.
Os revolucionários devem se aproveitar dessa situação contraditória e forçada das centrais, para expor tais contradições, para desmascarar os oportunistas e, sobretudo, para ajudar a desatar o movimento geral da classe trabalhadora. É só com base nesse movimento real que serão criadas as condições para a superação real dessas terríveis limitações sindicais. Não há caminho fácil nem mágico.
Há muitíssima disposição de luta hoje na classe trabalhadora brasileira, não só pela situação limite de miséria em que se encontra o país, mas também por uma revolta geral com a particular conjuntura política. Todavia, essa enorme vontade de lutar está em contradição com um dos momentos mais baixos de organização da classe trabalhadora para lutar. Nunca a classe trabalhadora esteve tão desarticulada e desorganizada, apesar de tão revoltada. Ajudar a desatar o movimento geral da classe trabalhadora ajuda a trabalhar e necessariamente resolver essa contradição explosiva.
O início do movimento da classe trabalhadora ajudará a promover a racionalização geral da conjuntura — a racionalização imposta pela luta de classes. Os anos de miséria política produzida pelo projeto e programa petistas, que criaram um véu de confusão sobre a luta de classes e sobre a “esquerda”, serão limpados da vista. A luta, em vez de ser das centrais com seus patrões (o Estado) por migalhas, se transformará cada vez na luta entre a classe trabalhadora contra a classe capitalista nos locais de trabalho, contra a exploração capitalista. Tudo está contido em gérmen na luta deste dia 30, como possibilidade, a depender do avanço do movimento geral da classe trabalhadora.
Em suma, o caminho para abrir o futuro passa hoje necessariamente por estes passos: unir todas as frações sindicais, apesar de seus problemas, para unir o movimento geral da classe, desatar o movimento geral da classe e derrotar o governo burguês; promover a confusão na representação política da burguesia, criando melhores condições para a luta do proletariado; aproveitar ao máximo a conjuntura que se abrirá necessariamente para avançar na vinculação dos revolucionários com os locais de trabalho mais importantes da economia capitalista. É com isso tudo na cabeça que vamos à luta neste dia 30!
Derrotar Temer e suas reformas! Fora Temer!
Derrotar a ofensiva dos capitalistas! Não às reformas burguesas!
Erguer o programa transitório ao socialismo!