Optamos por chamar voto no Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) nestas eleições. O PSTU teve o mérito de ser o único partido de esquerda a defender a queda de Dilma (e mesmo, indiretamente, a prisão de Lula). Isso mostra que esse partido está mais afinado com os anseios da maioria da população trabalhadora (sobretudo da classe operária, nas fábricas); está se preparando para o futuro, e não para repetir a história falida do PT.
Nosso voto não é um apoio acrítico. Nosso voto não é uma carta branca, mas é, em certo sentido, um voto de confiança. Confiança em que? Em que esse partido se esforçará no presente momento para superar várias de suas fragilidades (escrevemos uma crítica ao programa eleitoral do PSTU, aqui). Nosso apoio também não é tático. Não está em questão apoiar o PSTU para derrotar um inimigo maior nesta eleição (o PSTU praticamente não tem chance eleitoral e sabe disso). Nosso apoio visa a ampliar um diálogo com esse partido e seus militantes, dado que se abre, com a queda do PT, um momento decisivo de reorganização da esquerda brasileira.
Se, por um lado, o PSOL se propõe a ser a paródia do PT, trilhando um caminho já condenado (veja sobre isso, aqui), o PSTU, corretamente, se nega a fazê-lo hoje; se nega a cair no canto da sereia dos “partidos amplos” reformistas, como outrora foi o PT. A base para o racha no PSTU (que deu origem ao grupo MAIS, que se aproximou do PSOL) é a negação, pelo primeiro, de trilhar o caminho do PT. A afirmação de um caminho próprio, oposto ao do PSOL, neste momento de reorganização da esquerda, é fundamental. Não repetir a história do PT é fundamental. Tirar as lições do erro da esquerda ao ter construído o PT é também fundamental.
Se, todavia, o PSTU não avançar na clarificação de seu programa — limpando-o dos elementos social-democratas e diminuindo o peso das reivindicações democrático-burguesas —, verá sempre, infelizmente, crescer em seu seio posições reformistas e oportunistas; verá sempre militantes saírem para integrar o projeto mais “fácil”, o projeto menchevique. A questão decisiva hoje é recuperar, numa leitura dialética, o Programa de Transição de Trotsky, o programa da Quarta Internacional.
É com a esperança na possibilidade de avanço dos companheiros e de reconstrução de uma esquerda realmente revolucionária que chamamos hoje voto no PSTU. Nas cidades onde atuamos e o PSTU não tem candidatos, faremos uma campanha pelo voto nulo, buscando organizar a gigantesca revolta da população trabalhadora e da juventude contra o sistema político-eleitoral da burguesia. Em casos muito específicos, sobretudo para vereadores, defenderemos voto em candidatos do PSOL para derrotar algum candidato reacionário ou para favorecer correntes à esquerda que não tiveram medo de defender a queda da Dilma, como a CST.
Adiante na construção da via dos revolucionários, a verdadeira frente dos socialistas!
Abaixo o reformismo e o oportunismo na esquerda!