Nesta quarta-feita, dia 10/05, Lula estará cara a cara com Moro. A esquerda revolucionária deve defender, sem titubear: prisão a Lula e a todos os corruptos!
No Brasil, desde o pós-guerra, mais ou menos, um setor político altamente corrupto controla o Estado burguês, visando simplesmente à mais vergonhosa venda de recursos naturais e humanos do país ao grande capital internacional. É um setor que funciona como intermediário do grande capital dentro do Estado. Basta notar, por exemplo, que José Sarney era destacado membro da câmara de deputados já em 1955. Na verdade, Lula e o PT são apenas um parágrafo, o mais recente, dessa página nunca virada, nessa história de políticos burgueses vendidos ao grande capital, história que vem desde antes da ditadura militar, passa por ela, e expressa-se depois nos governos de Sarney, Collor, Itamar e FHC.
Regimes mudam e as gerações passam, acreditam mudar as coisas, mas, quando dão por si, notam que o pesadelo continua, como um ciclo vicioso. Não raro, ao abrir um jornal, damos de cara com uma foto de Lula, Dilma, Sarney, Collor, Temer, FHC, um com o outro ou o outro com um, em todas as combinações possíveis — ou todos juntos! —, rindo da cara da população brasileira.
Dada a conjuntura de profunda crise política nacional, a prisão de Lula pela Lava-Jato torna-se um elemento-chave na tentativa de virar essa pesada página da história. Lula tornou-se um elemento central da salvação deste longo ciclo corrupto. Se Lula não for afastado logo da política nacional, as chances de ser eleito são grandes. Se eleito, não só a atual forma de uso corrupto do Estado será salva, como será ampliada (basta ver a ampliação dos esquemas de corrupção do mensalão ao petrolão). Todo o esforço da Lava-Jato nos últimos três anos terá sido em vão. E mais: as chances de Lula mandar prender membros destacados da Lava-Jato serão grandes. É o que ele próprio sugere agora, como em sua fala no congresso do PT desta sexta-feira, dia 5/5: “Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los por mentir”.
A burguesia tenta se unir hoje contra a pressão difusa da população trabalhadora, expressa na própria Lava-Jato, que por isso cresce e revela a lama de todos os grandes partidos burgueses, parte do judiciário e algumas das principais empresas nacionais. PT, PSDB e PMDB, atendendo aos interesses das grandes empresas capitalistas, unem-se em escala partidária e em acordos no STF para quebrar a Lava-Jato (como os acordos do tucano Gilmar Mendes e do petista Dias Toffoli para soltar presos ilustres da Lava-Jato, desmoralizando o MPF, os procuradores e as decisões de Moro).
Mas, para se unir, a burguesia terá necessariamente de se centralizar mais; terá de diminuir as contradições entre seus setores, e fechar-se num Estado mais forte para combater a pressão da classe trabalhadora. Lula surge cada vez mais como a melhor opção, a que mais rapidamente pode salvar o conjunto dos setores burgueses. Os setores burgueses que não gostam tanto de Lula, gostam menos ainda da pressão popular e da Lava-Jato, e veem-se obrigados a entregar-se a Lula, como única expressão política com chances reais de parar a operação no futuro imediato. Lula, se eleito, será a ponta de lança do ataque burguês à pressão crescente da classe trabalhadora no próximo período.
Eis por que é tático que os revolucionários apoiem hoje a Lava-Jato e a prisão de Lula. Mesmo não sendo uma tarefa socialista ou propriamente revolucionária, a Lava-Jato, na medida em que enfraquece as possibilidades de um governo forte e unificado burguês — ou seja, na exata medida em que mantém a burguesia mais dividida politicamente como classe —, cria melhores condições de luta para a classe operária amanhã; ela favorece a única classe capaz de virar de vez esta nefasta página da história, capaz de nos tirar deste terrível pesadelo, este eterno retorno de parasitas burgueses.
Lula na prisão! Construir uma alternativa revolucionária socialista no Brasil!