Transição Socialista

Manifesto da Frente de Luta por uma Oposição de Esquerda Revolucionária ao Governo Lula-Alckmin

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Passados seis meses que o Governo Lula-Alckmin ascendeu ao poder, não existem mais dúvidas de que se trata de um governo capitalista, inimigo dos trabalhadores. Aos que ainda alimentavam alguma ilusão no Governo Lula-Alckmin, nos resta apresentar a realidade que se impõe: a manutenção da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência, que eleva o nível de superexploração da força de trabalho nas fábricas, mas também nos setores de serviço e comércio, deixa claro que a agenda econômica de Temer e Bolsonaro é a mesma que a de Lula: atacar as nossas condições de vida.

Os ataques desferidos por Lula contra o conjunto dos trabalhadores são correspondentes às necessidades do capital em jogar a conta da crise capitalista sobre os ombros dos explorados. No mundo inteiro a crise do capital provoca inflação, afetando o aumento do preço dos alimentos, do aluguel, gasolina, provoca desemprego e subemprego, rebaixamento salarial, destruição de direitos sociais e trabalhistas. E no Brasil isso não é diferente.

A formulação do Arcabouço Fiscal, que retira dinheiro das áreas sociais para transferir diretamente aos capitalistas só escancara o papel do Estado nesse sistema; as investidas para legalizar a mineração em larga escala na Amazônia, a manutenção do Novo Ensino Médio, que precariza ainda mais a educação dos filhos dos trabalhadores, a liberação da base governista para votar a favor do Marco Temporal, em escandaloso conluio com o agronegócio, são também outros fatos que rompem qualquer fio de ilusão que se possa depositar ainda nesse governo.

Para atender as três principais frações burguesas do capital (capital financeiro, agronegócio e mineração), o Governo Lula-Alckmin não hesita em seguir como ferramenta para garantir a governabilidade burguesa. Tudo isso à custa de quê? De 13,3 milhões de desempregados, de 50,9 milhões de trabalhadores subempregados, 33 milhões de famintos, 221 mil sem-teto.

Perante esse quadro segue não somente o silêncio sepulcral, mas o apoio incondicional e cúmplice de parte majoritária da esquerda, em partidos como o PSOL-REDE, o PC do B, a UP, o PCB e em grandes centrais sindicais como a CUT, CTB e Força Sindical. De nossa parte, compreendemos que essa traição criminosa da esquerda majoritária, total e irreversivelmente adaptada à ordem parlamentar capitalista, terá consequências duríssimas à organização da classe operária e demais oprimidos, não apenas porque bloqueia a luta, mas também porque abre espaço para a extrema-direita se potencializar. Ou seja, na medida em que os ataques às condições de vida dos trabalhadores avançarem e rapidamente a massa se desiludir em relação a Lula, sem uma oposição revolucionária, a extrema-direita poderá se fortalecer, com seu falso discurso anti-sistêmico, seu moralismo hipócrita e seu projeto ditatorial que visa esmagar pela força as mais elementares liberdades democráticas do movimento operário e popular.

É por isso que elucidamos enfaticamente que a formação de uma oposição revolucionária ao Governo Lula está na ordem do dia, pois é a única forma de, concomitantemente, barrar por meio dos métodos reais de luta não só os ataques desse governo capitalista, mas também de impedir que a insatisfação popular seja mais uma vez canalizada pela extrema-direita e grupos fascistóides que seguem vivos e ativos nas entranhas putrefatas da sociedade brasileira. Por essa razão, lembramos que ao lado do combate implacável ao Governo Lula-Alckmin, permanecem necessários também o combate ideológico e a autodefesa dos trabalhadores em seus locais de trabalho, moradia e estudo para enfrentar os bandos da ultradireita. Assim, chamamos todas as organizações sindicais, populares e grupos de esquerda que não se renderam ao lulismo a formarem conosco uma Frente de Luta por uma Oposição de Esquerda Revolucionária ao Governo Lula-Alckmin e à ultradireita, uma Frente cuja centralidade seja o apoio, o impulsionamento e a participação real nas lutas dos trabalhadores, por meio de greves, ocupações, piquetes, paralisações, bloqueios de estradas, autodefesa, apoio incondicional às formas de luta que passam pela organização de base em comitês de fábrica, em ocupações estudantis, autodemarcação de terras originárias, etc.

Estamos seguros de que não será uma tarefa fácil, afinal lutaremos contra a burguesia e contra as burocracias sindicais e partidárias, que tentam impedir que os trabalhadores se movimentem em interesse próprio, mas será grandioso e histórico se ousarmos fazê-la em um momento de completa destruição e desmoralização da esquerda brasileira perante a guerra de classes aberta pelos capitalistas em nosso país e em todo mundo.