Camaradas da Razón y Revolución, da Comuna Socialista e de todas as organizações sindicais, políticas e de luta que realizarão um ato de primeiro de maio proletário, internacionalista e socialista na Argentina: nós, da Transição Socialista, do Brasil, saudamos a atividade política convocada por vocês!
Vemos com preocupação a atitude da maior parte da esquerda argentina, que se negou a construir uma jornada de luta nesse dia histórico da classe trabalhadora. A chamada “esquerda” argentina – que tem capacidade de mobilização – preferiu capitular à burocracia sindical e realizar apenas uma comemoração eleitoreira de “primeiro de maio” no dia 30 de abril!
A esquerda que se pretende revolucionária deveria estar à altura de sua tarefa histórica, deveria ser capaz de se desvencilhar das amarras da burocracia sindical e de agir de forma independente. Por que haveria contradição entre uma paralisação no dia 30 de abril e uma atividade socialista no primeiro de maio? Não há contradição! É possível fazer paralisação no dia 30 e, além disso, tirar do esquecimento o verdadeiro significado do primeiro de maio. Revelar a verdade da classe trabalhadora consiste em tirar do esquecimento sua longa história de lutas, da qual o primeiro de maio é capítulo fundamental. Apagar a história da classe trabalhadora – transformando-a em mero feriado, por exemplo – é algo que somente interessa à burguesia.
No Brasil acontece uma tragédia semelhante, embora diferente. Aqui, também capitulando à burocracia sindical, a “esquerda” decidiu se dissolver completamente numa grotesca atividade de primeiro de maio do sindicalismo fisiológico e mafioso (CUT, Força Sindical, UGT, entre outros). Aqui, na prática, não haverá qualquer primeiro de maio independente. Não haverá nada com o mínimo caráter socialista, mas somente shows deploráveis e sorteios de automóveis. Aqui só haverá o primeiro de maio que interessa ao Estado capitalista!
Trata-se da constatação da falência da chamada “esquerda” de nosso país, dado que antigamente, ao menos, ela buscava fazer atividades independentes para erguer a bandeira do socialismo no primeiro de maio – mesmo que muitas vezes em pura retórica. Agora nem isso mais existe por aqui!
Mas, na realidade, nada disso nos surpreende. Há tempo vemos as organizações revolucionárias da Argentina, do Brasil e de toda a América Latina adaptarem-se de diversas formas às pressões da burguesia. Em nosso país, vemos partidos que se dizem revolucionários apoiando os partidos patronais, particularmente Lula e Dilma do PT, sob o pretexto de um “avanço fascista”. Na Venezuela, a denúncia de uma invasão norte-americana – que nunca chega… – serve para defender implícita ou explicitamente a ditadura chavista, que encarcera, sequestra e assassina centenas de lutadores, bem como submete à fome e à miséria a maioria da população trabalhadora. Na Argentina, a “esquerda” colabora na reconstrução do kirchnerismo; ela denuncia o ajuste e a repressão do governo atual mas se cala diante do fato de que se trata de mera continuação dos governos precedentes.
Nessa situação de capitulação geral, o ato de vocês demonstra que existe a possibilidade de outro tipo de construção política; revela a existência de uma esquerda que diz basta, que se nega a ser correia de transmissão de tal ou qual fração da burguesia. E o faz erguendo um ato operário, socialista e internacionalista, no dia em que o resto das organizações revolucionárias, devido às suas preocupações eleitoreiras, estará em casa, acatando as ordens da burocracia sindical e deixando as avenidas abertas para a burguesia. A atividade de vocês tem, portanto, um valor político enorme.
Assim, daqui do Brasil, reiteramos nossa saudação e lhes desejamos o maior sucesso possível nessa mobilização!
Transição Socialista
30/04/2019