Em abril de 1994, a Campanha Salarial tocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entrava em sua fase mais importante com a paralisação de 27 mil operários. Nesse fervor, em 28 de abril de 1994 estoura greve histórica na Termomecânica. O arrocho salarial atingia o limite e os operários exigem reajuste salarial de 19% estampado na capa da Tribuna Metalúrgica, que publicava:
Os trabalhadores da Termomecânica, de São Bernardo, romperam ontem antigos grilhões e deram um grito de liberdade. Em assembleia realizada pela manhã, com os turnos das 6h e 7h na Fábrica 1, eles aprovaram por unanimidade a decretação de greve pelo reajuste de 19%. Em seguida, saíram em passeata até a Fábrica 2, cujos funcionários deixaram o serviço para juntar-se aos companheiros.
“Todos lavaram a alma”, disseram os diretores do Sindicato presentes à manifestação na TM (…) Já na assembleia das 6h, os trabalhadores mostraram sua disposição de luta, decidindo não entrar na fábrica e esperar o turno das 7h, para realizar uma assembleia conjunta.
Aprovada a greve, os trabalhadores saíram em passeata (…) passando pelas avenidas Caminho do Mar, Winston Churchill e Senador Vergueiro. Chegando à Fábrica 2, ficaram aguardando a saída de seus companheiros. À medida que isso ia acontecendo, eles eram recebidos com palmas.
(Tribuna Metalúrgica, nº 59, 29/04/1994)
A greve mostrava a força coletiva do chão de fábrica e a TM de Salvador Arena (que sempre combateu possíveis greves concedendo licença remunerada até os ânimos diminuírem) se recusou a negociar com sua “família” e levou a greve direto para a justiça. Buscando destruir a greve, a TM recusou a proposta de conciliação do TRT. Após 12 dias de greve de recusa em negociar (um dos legados de Arena), os operários aprovam proposta do sindicato e decidem encerrar a greve, aguardando a decisão judicial.
Ao final do processo a TM “convence” o TRT, que volta atrás e cancela sua proposta inicial de conciliação, decretando a greve abusiva, concedendo reajuste salarial menor do que a proposta de conciliação! Como vemos, devemos lutar apenas com as nossas próprias forças, sem depender do judiciário facilmente manipulado por quem tem mais ra$ão.
Apesar da derrota econômica, os operários da TM mostraram que é possível se organizar para se defender e fizeram uma greve memorável. Ao se colocarem em movimento, experimentaram na prática a sua própria força coletiva. Viva a luta da peãozada da TM!
Nas fotos – no topo, assembleia realizada com o sindicato na porta da TM, abril de 1994 ; no corpo do texto foto em destaque da Tribuna Metalúrgica: peões da TM exigem reajuste de 19% contra o arrocho salarial.