Ao longo dos últimos meses, os caminhoneiros ameaçaram, mais de uma vez, paralisar por conta da alta do preço do diesel e do não cumprimento da tabela de fretes mínimos, concessão do governo passado em resposta à última paralisação da categoria.
Depois de alguns vaivéns, Bolsonaro chegou a intervir no preço do diesel nas refinarias da Petrobras, para pedir esclarecimentos sobre um aumento. Mas, em seguida, poucos dias depois, o aumento foi confirmado, apenas um pouco menor (de 5,7% para 4,8%).
Esse episódio serviu para demonstrar a fragilidade de Bolsonaro, que tem mais medo do trabalhador organizado que o diabo da cruz.
A confirmação do aumento e a negligência desta gestão, como da anterior, em relação à tabela mínima do frete foram a gota d’água e os caminhoneiros voltaram a discutir, por todo o país, uma nova greve. Lideranças de Sindicatos de caminhoneiros chegaram a declarar que o governo estava jogando gasolina no incêndio e que a revolta entre os caminhoneiros crescia. Um líder do movimento queria batizar a paralisação, que aconteceria no fim de abril, de ‘Lorenzoni’, para denunciar a falta de diálogo do governo e o fato do ministro estar ignorando as reivindicações.
O governo ficou contra a parede e precisou agir às pressas, com medo dos caminhoneiros. Numa reunião tensa que durou quatro horas com lideranças da categoria, em 22 de abril, prometeu fiscalizar o cumprimento da tabela do frete e reajustar o preço mínimo toda vez que o diesel subir mais de 10%. Ainda se comprometeram a parar de multar os motoristas que denunciam o não cumprimento da tabela do frete − até aqui, o governo agia assim para evitar que os caminhoneiros denunciassem essas situações.
Apesar de todos esses compromissos, é importante não acreditar em nada além das nossas próprias forças. Da mesma forma que o governo demorou pra agir e só o fez pelo medo e pela pressão, pode muito bem amanhã ignorar suas promessas se os caminhoneiros não estiverem organizados e prontos para parar o país, se necessário.
EUA: Plano de greve nacional de caminhoneiros
Nos Estados Unidos, milhares de caminhoneiros também começaram o ano discutindo a necessidade de uma greve, por conta de uma regulamentação que os forçava a registrar digitalmente todas suas horas dirigindo. Lá, os caminhoneiros também passam por uma redução de seus ganhos, porque há menos carga para ser transportada, o que pode ser um sinal de desaceleração da economia mais forte do planeta.