Chegamos aos momentos finais de mais uma negociação por PLR na Termomecânica. Em fevereiro deste ano a peãozada deu recado na reunião de negociação: ameaçou cruzar os braços exigindo pelo menos 3 salários. A empresa, que fez de tudo para manipular os trabalhadores e não pagar nada, ficou com medo da força da peãozada e cedeu mais do que queria ceder em 2017.
Agora estão ocorrendo as negociações da PLR de 2018. A empresa vem desmarcando as reuniões sem nenhuma justificativa e vem pressionando e ameaçando demitir os membros da comissão que representam o chão de fábrica. Um dos membros, da fábrica 2, foi transferido para a fábrica 1 como forma de afastá-lo da peãozada que representa. A empresa o substituiu pelo líder da usinagem da 2, mesmo sendo este o terceiro suplente da lista da comissão.
Ficou acordado com o sindicato, depois da nossa briga no começo do ano, que participaria das negociações da PLR de 2018 junto com a comissão. Até agora isso não ocorreu, e caminha para só estar presente para assinar o acordo na última reunião, quando tudo estará definido sob pressão da TM.
O chão de fábrica reivindica:
divisão igual para todos
A TM não apresenta os números nos quais baseia o cálculo da PLR, não mostra nada. Mostra apenas metas e porcentagens por função. Os operários, por exemplo, terão a porcentagem de 28 a 32% do total da PLR. Já os chefes, que estão em número muito menor, podem ter uma porcentagem de 26 a 35%!
A maioria reivindica uma divisão igual do lucro para todos os funcionários, do diretor ao faxineiro, sem estabelecer a proporção por salário ou função.
Qual é o bolo total da PLR? Como ela é paga por salário, e não sabemos quanto ganha cada um, jamais saberemos quanto foi o total dividido. A TM encobre os dados reais para nos manipular e nos dividir. Alguns dos mais velhos acham que, dividindo igualmente, ficariam prejudicados. Mas a maioria, inclusive membros da comissão, pensa que desta forma quem ganha mais continuará ganhando mais, e quem ganha menos vai ganhar muito mais!
Falta a Termomecânica mostrar os números, e parar de enganar a gente! Vemos a firma bombando, estima aumentar em 20% as exportações nesse ano. Mas internamente, para o peão, só fala em crise. Devemos acreditar? Nas demonstrações contábeis de 2016 (dados públicos) o lucro líquido da empresa foi de R$67 milhões, mas a PLR saiu negativa! Tem justificativa? Abre o jogo TM, abre as contas!
Por fim, a TM é contra a divisão igual dizendo que foi o Salvador Arena que deixou a divisão dessa forma. Mas e quanto aos outros benefícios que o trabalhador tinha adquirido? No passado os salários eram maiores e tínhamos convênio médico gratuito, o dobro de cesta básica, etc. Só é conservadora com o que lhe convém!
PLR compensando salário baixo
O foco na TM sempre foi a PLR. Há muitos anos era alta em comparação com outras empresas da região. Em 2010, por exemplo, deu entre 8 e 9 salários de PLR. De lá pra cá a PLR só foi baixando enquanto que a produção e os investimentos em novas plantas só cresceram. A TM começou a demitir os trabalhadores mais velhos com salário alto e a contratar novos com salário baixo. Neste processo, reduziu em praticamente 70% sua folha de pagamento! Essa “molecada” entra hoje sem a promessa de um salário alto e o foco na PLR é ainda maior. É a salvação de um ano inteiro de salários de fome.
O salário é nossa medida de vida, o quanto precisamos para fazer nossa família sobreviver e serve para o cálculo da aposentadoria, do 13º, do FGTS, etc. Salário é todo mês e obrigatório por lei. PLR é uma vez por ano, varia com a conjuntura econômica e não é obrigatória por lei.
A Termomecânica usa a PLR para manter os salários lá em baixo e a produção lá em cima! O peão trabalha mais para bater as metas, se esgota fisicamente e psicologicamente, mas isso não garante uma boa PLR. A meta para 2017 é de 74 mil toneladas. Em setembro deste ano já havíamos atingido entre 68 a 71 mil toneladas (soltaram em reunião de negociação). Mesmo assim a empresa dizia que não atingiríamos a meta! Ou seja, ela tem a faca e o queijo na mão para tirar o couro do peão!
A luta mostrou o caminho
Um recado da peãozada para o sindicato e para comissão na próxima reunião é: não aceitem que a empresa passe o doce na boca de vocês! Estão falando que a PLR de fevereiro vai ser boa… Mas isso não pode condicionar as negociações de 2018!
No início deste ano, a Termomecânica chamou uma reunião de urgência para tratar do fechamento da PLR de 2016. Queriam rebaixar a PLR de 2017, dizendo que se não fechassem 2017, não poderiam divulgar os resultados de 2016. Uma coisa não tinha nada a ver com a outra, e no final era um golpe para passar uma proposta contra o chão de fábrica com a legitimidade da comissão. Devemos aprender com essa experiência, e não cair no jogo da TM: o que foi fechado em 2017 não pode servir para rebaixar 2018!
Mas o principal aprendizado, e que garantiu melhores resultados em 2017, é que a força está no chão de fábrica. Numa reunião com diretores e chefes, os poucos representantes do peão são intimidados. Mas não podem abaixar a cabeça e, na dúvida, não votar nada sem o consentimento do chão de fábrica! O que levou a empresa a adiantar 1 salário em fevereiro e pagar 1,5 em julho, foi o medo que tiveram dos trabalhadores cruzarem os braços. Sabiam que a comissão estava em ligação com a peãozada e cederam.
Quanto mais forte for a organização e a unidade do chão de fábrica, mais enfrentaremos os absurdos da Termomecânica. Em 2017 demos um passo, e em 2018 daremos outro neste mesmo caminho!