Patrões vieram pra cima
Na campanha salarial deste ano, pesa sobre nós o alto índice de desemprego. Só na indústria, cerca de 1,8 milhões de postos de trabalho foram destruídos desde 2015 (IBGE). Este verdadeiro exército de companheiros demitidos favorece o capital a impor a quem permanece empregado salários menores e maior pressão no trabalho. A situação geral é: estamos trabalhando mais pesado para compensar o menor número de trabalhadores, e somos ameaçados pela fila que cresce. Assim o patrão aumenta a exploração do trabalho, o que ele chama de aumento da produtividade.
Os patrões planejam uma situação ainda pior para nós, e querem
aproveitar a reforma trabalhista, que entra em vigor em novembro, para aumentar ainda mais o grau de exploração. Por isso, será mais difícil fechar as convenções coletivas.
Chega de medidas falsas!
Já no ano passado, as campanhas salariais não tiveram resultados positivos e fecharam, na média geral, em 0,52% abaixo do índice de inflação.
Pesou para esse balanço ruim políticas de congelamento salarial, acordadas por muitos sindicatos com a promessa de manterem os empregos. Na Bardella, por exemplo, houve redução da jornada com redução do salário por dois anos; a empresa foi folgando cada vez mais, chegou a propor redução de 30% dos salários e quando o peão não aceitou, demissão em massa!
O capital quer depositar a crise nos ombros dos trabalhadores, e pode fazer isso atacando seja os empregos, como os salários. Cada vez que vacilamos – e abrimos mão dos salários pelos empregos, ou dos empregos pelos salários – perdemos e precisamos lutar pra tirar o atraso!
Articular a luta salarial à luta pelos empregos!
Devemos aprender com a lição: não podemos separar a luta por salários da luta pelos empregos!
Neste ano, a inflação é calculada em 2,03% (INPC), um índice relativamente baixo. É importante garantir o reajuste salarial! Mas um reajuste anual não mantém o nível dos
salários. Se a inflação galopar, por exemplo, em janeiro de 2018, o trabalhador estará perdido; vai ter de esperar até o segundo semestre para reajustar o salário!
Só é possível manter nosso poder de compra lutando pela escala móvel dos salários, o reajuste mensal automático de acordo com a inflação. E para garantir que o grau de exploração não aumente, e que mais pais de família sejam mandados para a rua, é preciso lutar também pela divisão do trabalho entre todos os trabalhadores, a escala móvel das horas de trabalho.
14 de setembro é dia de parar!
Os sindicatos dos metalúrgicos de todo o Brasil convocam uma paralisação no dia 14 de setembro. O motivo é lutar para que a reforma trabalhista e a terceirização irrestrita,
aprovadas pelo Governo, não entrem nas fábricas, e para preparar as campanhas salariais.
Companheiros, ou lutamos agora para segurar o que restou aos trabalhadores, ou ficaremos sem
nada! E a mobilização do chão de fábrica é o único caminho.
As centrais sindicais já chamaram três dias de protesto no primeiro semestre, mas a construção foi muito fraca! Deixaram a peãozada trabalhando, foram pra rua e a bosta da reforma foi aprovada! O peão, mais uma vez, certamente está disposto a lutar (é questão de sobrevivência!), mas e aí, sindicatos: vão fazer sua parte?