Transição Socialista

Gerdau ocupada!

Trabalhadores que compõem a diretoria do sindicato dos metalúrgicos de Charqueadas, RS, ocuparam a fábrica da Gerdau no município, desde o dia 13 de setembro.

A ocupação da fábrica é uma resposta dos trabalhadores na luta contra as alterações da jornada de trabalho e perdas salariais que podem chegar a até 35% do salário. 

A Gerdau se negou a receber a proposta de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho elaborada pelo sindicato, na qual os companheiros reivindicam a reposição da inflação com reajuste de 10% do INPC dos últimos dois anos, mais 4% de aumento real, e que 5% desse valor fosse adiantado desde já aos trabalhadores. A proposta elaborada pelo sindicato também exige que a empresa repasse automaticamente o reajuste do INPC em 1° de maio de 2022, referente ao período anterior. Além disso, exigem que para dar início às negociações, diante das novas mudanças de turnos impostas pela empresa, que os valores de adicional noturno, que os trabalhadores já recebiam, agora sejam incorporados de maneira fixa aos salários para evitar perdas salariais.

A Gerdau é a maior empresa brasileira produtora de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo. No Brasil, também produz aços planos, além de minério de ferro para consumo próprio. A companhia está presente em 10 países e explora mais de 30 mil empregados diretos e indiretos em todas as suas operações. A planta de Charqueadas tem aproximadamente 800 trabalhadores.

A receita líquida da companhia de aço chegou a R$16,3 bilhões, sendo 77% a mais do que em 2020. Somente no segundo trimestre de 2021 obteve lucro líquido de 3,9 bilhões, enquanto a média salarial dos trabalhadores é de pouco mais de R$ 2 mil mensais.

Os companheiros da diretoria do Sindicato dos metalúrgicos de Charqueadas, juntamente com o conjunto da categoria apontam que o caminho a ser seguido é o da luta intransigente na defesa dos interesses dos trabalhadores, e que as ocupações de fábricas, assim como as greves, são as mais importantes ferramentas de luta contra a exploração capitalista nos locais de trabalho.

Saudamos esse importante processo de luta. Mesmo diante da ofensiva da empresa, do assédio, e das perseguições que vêm sofrendo ao longo destes dias, permanecem em movimento dentro e fora dos portões da fábrica com a ocupação interna e manifestações externas. Este é um exemplo de que estão indo na contramão daquilo que fazem as burocracias sindicais que priorizam as negociações a portas fechadas com a patronal, e que além de não defenderem os interesses dos trabalhadores, na maioria das vezes contribuem para a fragmentação e desmobilização das categorias.

Nós defendemos que a única forma de barrar o arrocho salarial e a altíssima inflação que mês a mês vem diminuindo o acesso dos trabalhadores aos itens básicos para a nossa sobrevivência é a organização dos próprios trabalhadores em seu conjunto a partir dos locais de trabalho. 

E para barrar o arrocho e as demissões, defendemos o reajuste mensal dos salários e que não haja nenhuma demissão! Essas reivindicações, no Brasil de hoje, podem e devem ser defendidas por todas as categorias e por todos os sindicatos! São reivindicações que unificam a luta dos trabalhadores. Somente a luta unificada composta por diferentes categorias de trabalhadores trará a força que a classe necessita no enfrentamento com os patrões.

E essa luta é para agora: defender a manutenção dos empregos e dos salários. Ocupar a fábrica é radicalizar na luta porque é defender o mínimo. A luta é por nenhuma demissão e pela manutenção do poder de compra dos nossos salários!