No dia 24 de maio, os cerca de 8 mil trabalhadores da planta da Mercedes de São Bernardo do Campo votaram o fim da greve após 8 dias de paralisação, a mais longa dos últimos anos.
A primeira proposta da empresa ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, foi de retirada de cláusulas sociais, reajuste apenas em forma de abono e a possiblidade de reduções de jornadas e salários. No dia 18, os trabalhadores da planta rejeitaram uma nova proposta acordada entre o sindicato e a empresa, que garantia as cláusulas sociais, mas concedia apenas abono, e não reajuste salarial.
No dia 22, a empresa entrou na justiça contra a greve, fato que não acontecia desde o início dos anos 90, pressionando ainda mais os trabalhadores. Dois dias depois, a empresa fez nova proposta, que foi aceita em assembleia.
Foi aprovado um acordo coletivo com duração de dois anos, com a manutenção das cláusulas sociais que a empresa queria retirar, como a estabilidade e complementação salarial para os acidentados. Os trabalhadores também conseguiram reajuste salarial pela inflação do INPC + 1,5%, além de abono e aumento da PLR. O acordo, porém, inclui um PDV para cerca de 340 trabalhadores do setor administrativo.
Montadoras recebem incentivos e demitem em massa
Nos anos de governo do PT as grandes montadoras de automóveis ganharam uma série de incentivos com o plano Inovar-Auto. Hoje, está em discussão um novo plano, chamado Rota 2030, para continuar ajudando as montadoras a conseguirem grandes lucros. Diversos sindicatos negociaram também nos últimos anos acordos com as montadoras para reduzir salários e direitos, em troca de uma suposta garantia de emprego. Mesmo assim, foram mais de 33 mil demissões somente na base do sindicato dos metalúrgicos do ABC, sendo 6 mil na Mercedes.