Os patrões conhecem mil e uma artimanhas para espremer o máximo possível da nossa força de trabalho pagando o mínimo possível por ela. É o caso da PLR. A chamada participação nos lucros é uma tática para amarrar o peão no interesse do patrão: sobe a produtividade e a defesa do salário fica de lado. Mas quando o patrão precisa, ele tira ou diminui a PLR e os operários ficam com as mãos abanando e precisam lutar pra defender suas condições de vida.
Em abril, os trabalhadores da JC Hitachi, em São José dos Campos, cruzaram os braços contra a proposta de PLR oferecida pela empresa. O Corneta entrevistou Weller Gonçalves, operário da JC Hitachi e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
O Corneta: Como foi a luta?
Weller Gonçalves: A princípio, os trabalhadores da JC Hitachi fizeram uma paralisação de duas horas, como advertência à proposta da empresa de 0% de reajuste. A empresa enrolou e na assembleia foi aprovada por unanimidade greve por tempo indeterminado. Diante da greve, a empresa abriu negociações com o sindicato, e nós conquistamos 25% de reajuste.
OC: Qual foi o papel do sindicato?
WG: O nosso sindicato é um sindicato combativo. Acabamos de sair de uma eleição em que os trabalhadores confiaram no nosso projeto de luta revolucionário. Só que o sindicato não faz milagre, o dirigente sindical não é nada sem o apoio dos trabalhadores. É o poder do trabalhador parado que faz com que a gente na mesa de negociação consiga avançar.
OC: É possível combinar a luta pela PLR e a luta em defesa do salário?
WG: O nosso país passa por uma profunda crise econômica. A gente vê a choradeira do patrão, mas quem passa necessidade é o trabalhador, que tem o seu salário rebaixado, e a PLR é um dinheiro extra que o trabalhador recebe. A classe trabalhadora brasileira está endividada, e muitas vezes esse dinheiro vai pra pagar conta. Então a luta pela PLR é uma luta que a gente faz, mesmo sendo contra a PLR. O que a gente defende é o aumento do salário. Na data-base o patrão chora dizendo que a PLR já foi satisfatória, mas a gente vai pra cima, porque ali de fato é o momento que o trabalhador está lutando pelo seu salário.
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