GM de SJC começa hoje período de até 10 meses com contratos suspensos
Durante a pandemia a crise capitalista se encobriu nas contradições das quarentenas e lockdowns. Por mais de dois anos, a indústria viveu mundialmente uma situação em que colocava na conta da falta de semicondutores ou outros componentes e insumos as suas idas e vindas na produção.
Layoffs, férias coletivas e arrocho salarial surgiam como a cota de sacrifício do peão em nome de salvar os empregos. A pandemia se foi e a eterna crise – em que só o trabalhador paga – segue vigente.
A Volks de Taubaté acaba de passar por um shutdown, para ajustar estoques à produção. A GM de Gravataí passou por férias coletivas em junho. E a GM de São José dos Campos aprovou esse layoff. Os remédios do patrão, que nunca remediam, continuam amargos. Amargos, só para nós trabalhadores. Vejamos o caso da GM.
Lucro de bilhões e investimento em novas tecnologias
A GM tem lucro de bilhões e faz investimentos astronômicos em novas tecnologias para a fabricação de carros elétricos, enquanto isso, segue a política de contenção de custos demitindo trabalhadores e paralisando temporariamente a produção através de layoff e férias coletivas.
A GM vendeu 1,4 milhão de veículos mundialmente ao longo do primeiro trimestre, somando uma receita de US$40 bilhões nesse período. As vendas nos EUA aumentaram em 18%, enquanto na China caíram em 25%. Na América do Sul, incluindo o Brasil, a GM registrou alta de 5,9% nas vendas do quarto trimestre de 2022 na comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, a montadora projeta que seu lucro operacional deve dobrar até 2030, com variação global entre 275 bilhões e 315 bilhões de dólares.
Anunciou a construção de uma fábrica de baterias em parceria com a Samsung SDI. Esse projeto terá investimento conjunto de US$ 3 bilhões. Enquanto isso, também está trabalhando com outra empresa sul-coreana, a LG Energy Solution, na construção de uma fábrica de baterias de Ohio, além de outras duas no Tennessee e em Michigan.
No Brasil, a empresa conta com três plantas industriais, sendo que duas estão no estado de São Paulo, nas cidades de São José dos Campos e de São Caetano do Sul, e uma em Gravataí, no Rio Grande do Sul.
A diretoria da planta de São José dos Campos anunciou no final da primeira quinzena de junho, que cogitava suspender o contrato de 1,2 mil trabalhadores a partir de 3 de julho, medida conhecida como layoff, e paralisar por até dez meses o segundo turno da fábrica, a planta conta com 4 mil trabalhadores e produz os modelos S10 e Trailblazer. A medida foi aprovada.
Pobres montadoras…
Desde o início deste ano os trabalhadores vêm sofrendo com a pressão das demissões que a GM vem realizando a conta gotas, passaram por férias coletivas entre março e abril e reagiram a essas pressões aprovando estado de greve, o que obrigou a diretoria da empresa a estancar as demissões para evitar a greve.
A situação de descompasso entre investimentos da empresa e seus lucros em contradição com as perdas salariais e o crescente grau de exploração no chão de fábrica é incompatível com a posição de vítima das montadoras.
Elas querem favores do Estado, pedem subsídios, recria-se o mito do carro popular, fazem lobby, mas quem enche o bolso são sempre os mesmos. E a população trabalhadora paga dobrado a farra dos capitalistas.