Transição Socialista

O que havia por trás da traição?

Depois do acordão que envolveu os governadores do PT favoráveis à reforma da previdência, Bolsonaro saiu com a botija na mão: foram 2,7 Bilhões de reais distribuídos para os deputados. O toma lá da cá foi comparável ao de maio de 2016 quando Dilma e Temer juntos fizeram a farra dos parlamentares com 3,8 bilhões: ela querendo se livrar, e ele querendo consolidar o Impeachment.

Nunca é de mais lembrar: o PT, de Lula e Dilma, sempre foi favorável à reforma! Dessa vez a coisa foi tão escrachada que Rodrigo Maia alardeou a podridão na cara dura. Rodrigo Maia e Bolsonaro combinaram com os vampiros do congresso, só esqueceram de ouvir o peão que trabalha ao pé da máquina em ambiente insalubre, as professoras, os operários do campo ou aqueles trabalhadores que esfolam a própria carne dentro dos frigoríficos.

Não combinaram com os trabalhadores, mas combinaram com aqueles que deviam nos representar. Qual foi a participação dos sindicatos e das centrais sindicais nisso tudo? Vejamos.

A chantagem

Um dos motivos da inação das centrais, como já dissemos, tem a ver com a posição do PT a esse respeito! A falta de oposição a Bolsonaro também se expressou nos locais de trabalho, com os sindicatos não convocando os trabalhadores a lutar de verdade! Mas havia outro caroço nesse angu.

Bolsonaro usou medida provisória que prometia acabar com a contribuição sindical obrigatória para chantagear as centrais e elas, com muito gosto, aceitaram o cala boca. Resultado? A medida provisória sequer foi encaminhada e caducou no congresso no dia 2 de julho, bem em meio à negociação da reforma previdenciária.

A traição

Pra variar, a traição dos sindicatos acontece quando a sua burocracia pensa antes na própria sobrevivência material, do que em qualquer interesse da classe trabalhadora.

Bolsonaro editou em março a MP 873 – uma medida provisória que impedia o desconto em folha da contribuição sindical. Havia brecha na compreensão da reforma trabalhista que dava sobrevida aos sindicatos na coleta desse imposto.

Pra obrigar o peão a pagar, ainda era possível usar assembléias, mesmo que elas fossem arranjadas, e não servissem pra mobilizar os trabalhadores. Na prática, a proposta arquitetada com argumentos de Paulo Guedes servia também para deslegitimar todo e qualquer fórum coletivo.

O imposto

Nós do Corneta seguimos a opinião da imensa maioria dos trabalhadores: não dá mais para aceitar sindicato omisso que só quer um naco do nosso holerith! Cansamos de ouvir operário dizendo, se lutassem pagaria com gosto! Somos contra a contribuição sindical. Os sindicatos precisam ser novamente tomados pelos trabalhadores.

Mas é claro, Bolsonaro não está preocupado em defender os nossos interesses, sabe que os sindicatos estão desmoralizados e age para nos desorganizar.

O curioso é que o governo, que vive dizendo que vai acabar com a mamata dos sindicalistas, nem se esforçou para aprovar a medida. Era só uma casca de banana! Era só a parte da chantagem na negociata! Uma casca de banana para o trabalhador escorregar e uma fruta para os sindicatos engolirem de barriga cheia! O governo usou a MP 873 como instrumento de ameaça contra os sindicatos que, no medo de perderem a contribuição obrigatória, não fizeram nada para apoiar os trabalhadores contra a Reforma da Previdência.

A paralisação de 14/06 foi traída pelas centrais sindicais e nenhum combate foi dado! Como os próprios operários cansaram de repetir ao Corneta, foi “só falação”. Quase um mês depois, o dia 12/07 foi marcado por um ato melancólico em Brasília, algo que está muito distante do que era necessário para barrar esse tremendo ataque às nossas condições de vida!