No dia 19/2, foi anunciada a suspensão da votação da Reforma da Previdência, que faz o trabalhador contribuir por mais anos e diminui o quanto recebe de aposentadoria. As centrais sindicais, no mesmo dia, organizavam uma paralisação para acabar com a Reforma, e cantaram vitória.
Na região do ABC, o Sindicato dos Metalúrgicos (CUT) realizou uma das maiores paralisações do último período. Segundo o sindicato, mais de 50 mil metalúrgicos (75% da categoria) paralisaram.
Mas, se os números são grandes, o poder de controle da burocracia sindical também é. Em assembleia realizada na IGP (Diadema) disseram: “não tinha necessidade da gente estar aqui para fazer vocês seguirem a deliberação tirada pelo sindicato(…) nosso pedido é que cada um aqui volte para casa, amanhã a vida volta ao normal e nós vamos procurar a empresa para ver o que quer fazer com o dia parado”. Convocaram os trabalhadores a ficarem em casa e no ato organizado pela tarde não havia metalúrgicos, apenas os sindicalistas.
Operários das montadoras contestaram: “sou metalúrgico, mas não concordo em ficarmos em casa e sim irmos pras ruas; vou mais longe, devíamos lotar ao menos uns 300 ônibus e fazer protesto aonde esses sanguessugas se encontram, queria ver 1 milhão de pessoas em Brasília pra ver o que eles iam fazer, não concordo com protesto em casa!”. Outro diz: “em casa não vai surtir efeito. A não ser que queiram que Temer vença de novo, a luta é na rua!”.
Mas, afinal, o que parou Temer? Terá sido intervenção federal no RJ, que levou o Senado a suspender a tramitação de Propostas de Emenda Constitucional (PEC)? Não. A verdade é que o governo contava os votos e estava longe de atingir os 308 votos necessários para aprovar a Reforma na Câmara.
As eleições se aproximam e o governo é mais afetado pela pressão popular, de trabalhadores e desempregados que sofrerão com os ataques articulados em Brasília. Nas palavras de um parlamentar do PP: “o meu eleitorado mais forte é de classe D e E, da periferia dos centros urbanos. Eles têm uma forte expectativa de que não vamos votar à favor da reforma. Fica complicado contrariar isso agora”.
O governo parou pela pressão dos trabalhadores, não tanto como categorias organizadas, mas como eleitores. O problema é que foi só uma trégua; o ataque vai retornar, e o poder dos eleitores não será suficiente. Os patrões seguirão seu caminho de ataques, encomendados em Brasília e aplicados em baixo, com demissões e rebaixamento de salários. A Reforma Trabalhista já passou e as centrais sindicais se calam. Não é hora de cantar vitória e sim de tirar o atraso: é lutar pra voltar atrás o que já passou!
Só a classe unida pode enfrentar os patrões, no governo e nas fábricas. Em 2018, nossa revolta precisa tomar formas mais organizadas: assembleias, comissões de fábricas, base unida para pressionar os sindicatos atrasados!
Vamos em frente peãozada: o caminho é duro, mas é na luta que nos fazemos dignos!