O “Supremo” aproveitou que está todo mundo só preocupado com eleição (inclusive os pelegos dos sindicatos) para aprovar a terceirização irrestrita das “atividades-fim” sem ninguém perceber. Isso ocorreu no dia 30 de agosto. Agora, qualquer posto de trabalho pode ser terceirizado.
A sessão do STF foi um show de horrores. O julgamento se baseou em duas ações, uma movida por uma empresa de celulose, e outra pela ABAG, Associação Brasileira do Agronegócio. Isso mostra que os patrões continuam descarregando a crise criada por eles sobre as costas dos trabalhadores, que não têm culpa de nada. Mas o destaque foram as falas recheadas de mentiras dos supostos altos magistrados do país: um blábláblá de como a terceirização não viola a dignidade do trabalhador, ou como ela pode abrir postos de trabalho e dar dinamismo à economia!
Os trabalhadores sabem que isso é balela. Os últimos estudos realizados pelo Dieese mostram que os trabalhadores terceirizados ganham menos, têm menos estabilidade no emprego, e de cada 10 acidentes de trabalho no Brasil, 8 são com terceirizados. Os locais de trabalho que O Corneta acompanha já experimentaram essa barbárie na pele: na Bardella, o patrão deu calote atrás de calote pra quebrar a resistência, e começar a terceirizar a produção: mandou gente embora e agora o pessoal tem que fazer o mesmo trabalho, ganhando menos e sem vínculo. Na Cinpal e na Termomecânica, é assédio moral sem parar. Na USP, empresas em nome de laranjas declaram falência e deixam mães e pais de família sem comida no prato.
Os trabalhadores têm que saber que não podem contar com a justiça: o STF é formado por representantes dos patrões ou advogados de patrões. Defendem a terceirização em causa própria. Nós só podemos contar com as nossas próprias forças. Quem garantirá nossos empregos e salários não é a terceirização, mas a luta pra dividir as horas de trabalho entre os trabalhadores e para que a inflação não coma nosso poder de compra.