Vida longa aos lutadores deste 25 de janeiro em todo o Brasil! A luta contra a Copa se choca com as polícias e o exército, preparados para guerra interna, mas pode ser o forte rio que carrega todo o entulho nacional, a começar pela velha política, que já não representa nada para juventude e para a maioria dos trabalhadores.
O conflito #vaitercopa versus #naovaitercopa está colocado nas ruas, mas parte da esquerda incrivelmente consegue encontrar um ponto médio onde não há. O PSTU, por exemplo, formulou o #nacopavaiterluta, onde a realização da Copa é um fato consumado. Como se a realização da Copa não se desse por meio da quebra da luta, como vem ocorrendo desde 2013!
Essa violência que quebra a luta impõe uma falsa normalidade, similar à que se vê nas telas de TV. Mas acreditar nas potencialidades revolucionárias do presente significa justamente não olhá-lo com a indiferença com que se vê uma novela. A revolta não será televisionada; ela não é virtual: é real e estoura em sua cara como uma bomba da PM ou um molotov.
Apesar da esquerda, a ponta de lança na ampliação das contradições ainda são os Black Blocs, que jogam de volta contra a burguesia toda a violência que ela descarrega diariamente sobre a população trabalhadora. Há limitações, é claro: os Blocs, pela fragilidade programática, podem ser facilmente instrumentalizados. Há já setores instrumentalizados por partidos reformistas, como o PSOL, ou por grupos de extrema-direita, mas isso ainda é marginal, predominando o caráter anticapitalista desses lutadores. Enquanto isso se mantiver eles ampliarão contradições no Brasil, mas até certo ponto.
A barreira objetiva dos Black Blocs é o fato de não estarem localizados na produção capitalista, ou seja, de não lutarem também a partir dos locais de trabalho. Sem isso não podem lutar diretamente contra o capital e acabam lutando apenas contra sombras, contra imagens do capital, como os bancos, a polícia, os políticos corruptos, etc. Mas o capital surge na exploração do trabalhador, e depois é transferido aos bancos, Estado (policiais), políticos, etc., que apenas o armazenam ou dissipam.
Ainda assim, o Partido dos Trabalhadores, histórico traidor da classe trabalhadora brasileira, afirma que quem é contra a copa é contra o país. Trata-se de versão light do lema “Brasil, ame-o ou deixe-o” dos ditadores militares brasileiros. Isso revela em quem se inspiram esses oportunistas que tomaram o Estado brasileiro. Um dos maiores méritos do processo de luta que se abriu no Brasil em 2013, e que promete se ampliar nos próximos anos, foi escancarar o caráter de classe desse governo para amplos setores da população — e isso a juventude radicalizada é que teve o mérito de realizar, não pela via da conciliação, não por meio de pedidos à presidência da república, mas pelo conflito. O outro mérito, o principal, é anunciar a entrada da classe operária na luta e novos abalos sísmicos na conjuntura brasileira nos próximos anos.