Lula foi condenado a 12 anos de prisão no caso do triplex do Guarujá, mas agora querem fazer um grande acordo no Supremo Tribunal Federal para salvá-lo.
As provas do crime do triplex são claras. Além disso, há outros processos contra Lula, com provas ainda mais fartas, envolvendo obstrução de justiça (2 vezes), corrupção passiva e tráfico de influência (4 vezes), lavagem de dinheiro (4 vezes) e organização criminosa (2 vezes). Na última acusação do ex-Procurador Rodrigo Janot, estimou-se que a organização criminosa chefiada por Lula desviou quase R$ 1,5 bilhão dos cofres nacionais.
Lula é principal símbolo de um sistema corrupto sustentado por grandes empresários e grandes partidos. O sistema não envolve apenas o PT de Lula e Dilma, mas também o PSDB de Aécio e Alckmin e o MDB de Temer, Meirelles e outros. Eis por que há um mega esforço dos grandes políticos e grandes empresários para salvar Lula no Supremo Tribunal Federal (STF): querem salvar Lula para salvar a si mesmos.
Se Lula receber o habeas corpus no STF nesta quarta-feira, será aberta a porta para a revisão da prisão após condenação em segunda-instância. Junto com Lula, serão soltos em decorrência disso: Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, José Dirceu, André Vargas e outros nobres sujeitos dessa laia.
Defender a prisão de Lula não é defender violência contra direitos individuais. Lula teve todo o direito de defesa garantido (aliás, muito melhor do que a esmagadora maioria). Durante os governos do PT, a “população carcerária” cresceu 270%, chegando a quase 650 mil. Destes, 1/4 está preso sem qualquer julgamento (nem em primeira instância!). No Brasil, quem rouba galinha devido à miséria, fome, pobreza e desespero, fica preso sem condenação. Já quem rouba milhões ou bilhões tem os melhores advogados e fica livre, recorrendo nas quatro instâncias. É esse tratamento diferencial que alguns ministros do STF querem garantir a Lula. Soltar Lula será a constatação de que este país não tem lei nem justiça; será a falência do regime democrático.
A liberdade de Lula pavimentará o caminho para a candidatura de Lula. Este tem grandes chances de ser eleito no final do ano, pois tem votos em setores infelizmente muito pobres da nação. Tais setores dependem da assistência do Estado. Lula, quando esteve à frente do governo, deu pequenas bolsas, na proporção exata para que tais setores não saíssem da miséria e continuassem dependentes. Assim, aproveitando-se da miséria, Lula construiu uma base eleitoral sólida.
Se eleito, Lula, em nome dos grandes empresários que representa e de toda a corrupta classe política, fará o possível para combater aqueles que o perseguem. Procuradores, juízes, delegados da Polícia Federal e outros membros do baixo escalão do Estado serão perseguidos, trocados, colocados de molho, afastados, exonerados e, se preciso, presos. A liberdade institucional que hoje existe no regime democrático será diminuída. O que antes eram várias posições divergentes será restringido. Os menores grupos serão perseguidos pelos maiores grupos.
Lula representa um risco maior de ditadura e autoritarismo que Bolsonaro e os gatos pingados, doentes mentais, que pedem intervenção militar. Estes não têm lastro real na “classe política” nem nos grandes empresários. Se eleito, Lula pode direcionar o governo a um tipo de regime populista-autoritário, nos moldes da ditadura de Getúlio Vargas no Estado Novo. O lulismo poderá surgir como o novo varguismo. Esse tipo de regime servirá para atacar a população a cada dia mais revoltada.
As classes dominantes do país, elites financeiras, industriais, comerciais, rentistas, necessitam de um governo de “pulso firme”. Desde junho de 2013, a população está disposta a erguer a cabeça e protestar: contra os aumentos de passagem de ônibus, contra os gastos abusivos e corrompidos na Copa e na Olimpíada, contra o governo burguês de Dilma Roussef, contra a corrupção que tomou conta de todo o sistema. A juventude ocupa escolas e os trabalhadores fazem mais greves por salários e empregos dignos. Essa própria onda de revolta deu base à operação Lava-Jato.
Eis por que as elites necessitam de um governo mais “forte”: para controlar o descontentamento popular. Lula é o candidato mais habilitado para esse governo “de pulso firme”. A libertação de Lula nesta quarta será um passo sério rumo a esse caminho. É por isso que não podemos aceitar o acordão de cabeça baixa. Temos de protestar!
Não ao acordão com o Supremo pra salvar Lula e os corruptos!
Lula na prisão! Fora Temer!