Onde estão Alcedo Mora e os outros 24 trabalhadores desaparecidos? Aparição com vida de todos os sequestrados pelo Estado venezuelano. Esclarecimento do assassinato dos 262 dirigentes sociais. Investigação independente, julgamento e punição aos responsáveis.
Nós, organizações políticas de esquerda, e cidadãos da Argentina e Brasil, protestamos neste dia 03/04 em frente às embaixadas da Venezuela de nossos respectivos países para reivindicar publicamente a aparição com vida de todos os dirigentes sociais desaparecidos. Trata-se de dirigentes políticos, sindicais ou de bairro, que denunciaram a corrupção chavista e a miséria da população. Em todos os casos, foram detidos por autoridades do Estado. São eles:
Alcedo Mora (desaparecido em 2015)
Juan Esneider Vergel Prado (desaparecido em 2015)
Eliezaer Antonio Vergel Prado (desaparecido em 2015)
Cenis Michel Carrero (desaparecido em 2015)
Jonathan Sheiterman Mora Zambrano (desaparecido em 2015)
John Tarwy Aguilar Barrasa (desaparecido em 2015)
Alexis José Vivas Guillen (desaparecido em 2015)
Nelson Carpio (desaparecido em 2015)
José Gregorio Lezama Villegas (desaparecido em 2017)
Ommer Orlando Bautista Villanueva (desaparecido em 2017)
Feixbel Alexandro Fernández Becerra (desaparecido em 2017)
Eixbel Josua Fernández Becerra (desaparecido em 2017)
Alexander de Jesús Guevara Pineda (desaparecido em 2016)
Onel Antonio Núñez Planchez (desaparecido em 2016)
Edgar Manuel Ramírez Peña (desaparecido em 2016)
Jorge Luis Aquino Torrealba (desaparecido em 2016)
Yilber Argenis Abreu Rodríguez (desaparecido em 2016)
Julio Domingo Blanco Pérez (desparecido em 2016)
Evelin Yharlait Ríos Azuarta (desaparecida em 2016)
Oscarly De Ávila (desaparecido em 2009)
Yera Herrera (desaparecida em 2009)
Jhon Alexander Rivas (desaparecido em 2009)
Liberkey Figuera (desparecida em 2009)
Além disso, exigimos o esclarecimento dos assassinatos pelas mãos do Estado de outros 262 trabalhadores e a punição a todos os responsáveis diretos e políticos.
Na Venezuela, vigora uma ditadura que mantém na miséria e na indigência extrema a enorme maioria da população: sem comida, sem medicamentos e sem luz. Todo aquele que queira protestar contra essa situação é brutalmente reprimido.
Nas últimas manifestações foram mais de 800 pessoas detidas (entre elas, 77 crianças!), além de 40 mortos. Não bastando o Estado oficial, Maduro conta com milícias paraestatais, de tipo proto-fascista, os “coletivos”, que espalham terror e violência contra os que se erguem em protesto.
A tudo isso se soma o acontecimento do dia 23 de março, quando foi encontrado morto Francisco Alarcón, na cidade de San Félix (Bolívar). Alarcón era presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores de Eletricidade e denunciava o governo de Maduro como responsável pelos apagões de energia na Venezuela. A polícia venezuelana diz se tratar de caso de suicídio! Absurdo!
Faz quatro anos que Alcedo Mora desapareceu!
Alcedo Mora é ativista social da Venezuela, e desapareceu ao final de março de 2015, pouco depois de denunciar um caso de corrupção dentro da estatal venezuelana de petróleo (PDVSA), no estado de Mérida. Dias antes de desaparecer, Mora enviou mensagem a seus companheiros de ativismo, com o seguinte conteúdo:
“Camaradas, alerta! Recebi um mandado de ordem de prisão da Sebin [Serviço de Inteligência do governo de Maduro]. A coisa está complicada. Querem me cobrar por denúncias de corrupção na PDVSA, que tenho feito, e me querem fazer uma arapuca”.
Por denunciar o caso, os filhos de Mora têm recebido diversas ameaças do governo venezuelano. O caso ainda segue sem explicações do governo venezuelano! Exigimos resposta! Maduro e autoridades venezuelanas: onde está Alcedo Mora? Onde estão os outros 24 companheiros desaparecidos?
Maduro é de direita!
Não importa o que Maduro fale de si próprio, seu governo não é de esquerda nem socialista. O governo de Maduro mantém a ordem capitalista de mercado na Venezuela, mantém o Estado capitalista; seus principais representantes vivem nos luxos e na corrupção burguesa com grandes empresas nacionais e internacionais, enquanto a população trabalhadora é castigada pela fome e pela violência.
A intervenção da China e da Rússia no país mostra que não se trata de um governo que não tenha nada a ver com o problema da “intervenção estrangeira”.
Maduro lidera um governo de capitalistas, um bonapartismo organizado para reprimir a revolta da população trabalhadora venezuelana, desesperada perante a situação extrema. Se Trump e demais governos falam de invadir a Venezuela, é porque a situação do país se encaminha para uma ingovernabilidade burguesa, que pode atrapalhar a ordem burguesa no resto do continente. Ou seja: é mais porque, dadas as contradições crescentes do governo Maduro, a situação pode se tornar explosiva – e não porque o chavismo esteja marchando rumo ao socialismo ou porque os EUA queiram o petróleo venezuelano.
De sua parte, a Assembleia Nacional e seu “presidente”, Guaidó, apesar de ter a autoridade constitucional, não denunciaram nem investigaram esses casos de violência estatal. Além disso, Guaidó convocou os militares para que sustentassem seu eventual governo e lhes prometeu anistia! Ou seja, estamos diante de uma cumplicidade de todo o arco político burguês.
Não nos calaremos! Os trabalhadores venezuelanos são castigados pela fome, pela miséria, pelo desemprego, pela violência estatal e para-estatal, pelos sequestros, torturas e prisões.
Queremos a aparição com vida de Alcedo Mora e de todos os desaparecidos; esclarecimento dos 262 assassinatos de dirigentes sociais e punição aos responsáveis!
Fora Maduro e a Assembleia Nacional de Guaidó.
Por uma saída socialista na Venezuela
Convocam atos em frente às embaixadas da Venezuela, da Argentina e do Brasil, no dia 03/04/2019:
Razón y Revolución (Argentina)
Transição Socialista (Brasil)