O dia 28 de abril será um dia fundamental de luta e resistência da classe trabalhadora contra as medidas do capital. Será um dia de paralisação de várias e importantes categorias organizadas por todo o país. Será dia de dizer em alto e bom som: não às medidas nefastas de Michel Temer! Não às reformas da previdência e trabalhista! Não ao ataque do capital!
Na semana que passou, o governo Temer mostrou quão frágil é. Apesar de ter uma base partidária na Câmara dos Deputados de supostos 411 parlamentares (dos 513 totais), essa base evaporou repentinamente. A “força parlamentar” de Temer — que para os incautos parecia maior que a de Dilma — mostrou-se farsa na hora de votar a agilidade de tramitação da reforma trabalhista. De repente, sua base ergueu apenas 230 votos e o governo amargurou uma derrota que colocou em risco sua existência.
Por que os deputados governistas não votaram, se estavam, em sua maioria, na casa? Não votaram porque — apesar do café da manhã presidencial com líderes partidários no mesmo dia — não chegaram num acordo com o governo. O “toma lá, dá cá” não funcionou e botou em risco o governo.
É verdade que o governo, no tapetão, refez a votação no dia seguinte e obteve vitória. Eram necessários pouco mais de 250 votos para a vitória, e o governo comemorou 287 votos. Ou seja: ainda assim, uma margem estreita, muito abaixo dos seus ostentados 411 votos e, além do mais, insuficiente para a aprovação da reforma da previdência (para a qual são necessários 308 votos).
Se o governo não tivesse comprado deputados para refazer a votação, a amargura da derrota lhe custaria a queda. Afinal, o “governo reformista” de Temer foi eleito apenas para esse propósito: fazer as reformas nefastas, as que Dilma queria fazer e, por não conseguir, foi rifada pela classe capitalista (que temia o crescente descontentamento popular). Era evidente que não vencer na tramitação da reforma trabalhista significaria a não aprovação da reforma trabalhista, e menos ainda a aprovação da reforma previdenciária. Na semana que passou, portanto, o governo de Temer, que em tudo copia o de Dilma, teve vertigem ao vislumbrar a possibilidade de compartilhar o destino da petista.
Vendo que a não aprovação das reformas é uma grande possibilidade; vendo, portanto, que a chance de seu governo se mostrar uma nulidade e ser condenado é grande, que tática resolveu adotar Temer? A tática da postergação, marcada pelo desespero da sobrevivência.
Temer pensa agora que é melhor estender negociações ao máximo possível para, ao menos, chegar ao final de 2018; começa a refletir que pode ser mais interessante aprovar os ataques aos poucos, mas mostrar que o governo está se mexendo e sendo necessário, do que tentar aprovar tudo de uma vez e esbanjar nulidade. Esbanjar nulidade é um grande risco neste momento, a um ano e meio das eleições. Por isso, Temer considera jogar a aprovação da reforma previdenciária para o segundo semestre de 2018. A postergação, sem dúvida, seria uma meia-vitória da classe trabalhadora, mas ainda não a vitória total.
Temer quer limpar do horizonte imediato a reforma previdenciária e deixar apenas a trabalhista, pois acredita que esta pode ser aprovada mais facilmente, de forma relativamente pulverizada. O que isso implica para a tática da luta operária?
Sem a pressão imediata da reforma previdenciária (se se confirmar), as centrais sindicais sentem-se um pouco aliviadas. A maioria das centrais são órgãos burocráticos que agem para os capitalistas, e só se mexem quando pressionadas pela base. Eis seu jogo duplo. Com a diminuição da pressão imediata do governo (postergação da reforma previdenciária), a pressão da classe sobre a centrais também pode diminuir, dando-lhes maior margem de manobra.
É nesse sentido que a manobra postergatória de Temer pode vir ao encontro das manobras das centrais sindicais. Caso diminua a pressão da base trabalhadora, as centrais burocráticas podem usar mais facilmente as propostas de paralisação para seus interesses. Os revolucionários devem ficar atentos a isso.
Por exemplo, a CUT (e satélites) pode usar mais facilmente passeatas para fazer discursos retóricos contra Temer, discursos que preparem a defesa de Lula e sua candidatura. A Força Sindical, por sua vez, pode usar as passeatas para pressionar o governo Temer a não cortar o imposto sindical (que é fundamental para alimentar a burocracia sindical e manter o controle dos sindicatos pelo Estado burguês). Elas estão aí a todo momento prontas para fazer esse jogo sujo.
Em política nada está dado. É preciso saber avaliar, de forma atenta, a todo momento. A depender da maior ou menor disposição de luta da classe, as centrais terão maior ou menor margem de manobra. Um processo de luta, numa determinada conjuntura, com tais aliados, pode também se tornar seu contrário. É fundamental ir às ruas com as centrais burocráticas e pelegas, pois só elas hoje podem colocar a classe trabalhadora em movimento, mas devemos sempre estar de olhos bem abertos ao momento em que tentarão usar a luta para seus fins privados, ou fechar um acordão “intermediário”, não menos nefasto, com o governo.
Se as centrais podem se aproveitar da luta atual seja para fazer campanha para Lula, seja para manter o imposto sindical, é preciso ter já uma ação cirúrgica dos revolucionários para quebrar conscientemente o risco de traição em cima desses pontos. Cabe aos revolucionários, portanto, levar aos atos, de forma consciente, e com destaque, duas reivindicações:
— Prisão de Lula e todos os corruptos!
— Fim do imposto sindical!
Erguendo tais reivindicações, disseminando-as entre a massa operária nas fábricas e nas passeatas (juntamente, é claro, com as reivindicações gerais contra as reformas), os revolucionários criam mecanismos de controle contra a traição das burocracias.
A classe começa a entrar em movimento hoje, num processo histórico que não se via há mais de duas décadas. O apoio crítico à derrubada da Dilma, por parte dos revolucionários, foi fundamental para fragilizar as burocracias sindicais, quebrar sua relação umbilical com o Estado burguês, e forçá-las a se mexer. Agora é preciso aprofundar a crise das burocracias, com a quebra de seus interesses vinculados ao grupo burguês de Lula, e a quebra de seus interesses financeiros com o Estado via imposto sindical.
Ir às ruas e às fábricas!
Lutar de forma unificada para colocar a classe em movimento!
Viva a luta da classe trabalhadora neste dia 28!
Não às reformas do capital!