Um mistério ronda a chamada “esquerda socialista” (PSTU, PCB e UP). Como votarão em um eventual segundo turno eleitoral? A polarização eleitoral Lula-Bolsonaro é a questão central desta eleição e está “na boca povo” desde o final do ano passado. Diante disso, esses partidos precisam adotar uma posição pública a respeito, se pretendem ter qualquer intervenção de maior impacto com suas campanhas.
Na atual conjuntura não é só possível como é necessário deliberar desde já a posição das suas organizações num eventual segundo turno. Entretanto, quando suas lideranças são questionadas publicamente (ver aqui e aqui), saem pela tangente, com declarações do tipo “quando chegar lá, veremos”, “se houver segundo turno, deliberaremos”.
No caso de políticos burgueses de menor ou pouca expressão eleitoral o discurso “votarei em mim mesmo no segundo turno” é compreensível. Não esperamos deles compromisso com a realidade. Não definir uma posição serve inclusive para costurar alianças espúrias à medida que o dia da urna se aproxima. Mas da parte dos chamados “socialistas” e “revolucionários” não há sentido. Abster-se nessa questão até a definição do segundo turno é renunciar a uma intervenção política relevante na atual conjuntura, é deixar de dar resposta a um problema imediato com o qual os trabalhadores se deparam no processo eleitoral. Ambiguidades e indefinições sobre a disputa entre Lula e Bolsonaro só enfraquecem as candidaturas dos companheiros. Pior ainda é reproduzir o terrorismo eleitoral do PT sobre o “risco de golpe” ou “ameaça fascista” por Bolsonaro.
Uma coisa é certa: se é para apoiar Lula no segundo turno – tendo em vista “combater o risco de golpe” ou de “autoritarismo bolsonarista” –, seria mais lógico que tais organizações retirassem suas candidaturas de primeiro turno. Se se considera que há um risco real – que justifique apoio a Lula no segundo turno –, por que fazer esse risco crescer até amanhã? Na realidade, não existe “necessidade de divulgação de ideias socialistas no primeiro turno” que justifique submeter o movimento proletário a um risco de autoritarismo (quando há).
Hoje não há risco de golpe, portanto, não faz sentido o silêncio sobre o segundo turno. Nós da Transição Socialista definimos o apoio às candidaturas do PSTU e do Polo Socialista e Revolucionário no primeiro turno como alternativa à polarização eleitoral entre Lula e Bolsonaro e contra qualquer possibilidade de vitória lulista em primeiro turno. Dando consequência a essa política, em eventual segundo turno votaremos nulo.
Definir claramente a posição desde já fortalece as candidaturas à esquerda, a construção de um polo de revolucionários e a luta da classe trabalhadora contra qualquer governo eleito, em especial contra o provável – e preferido pela burguesia – futuro governo Lula.
PSTU, PCB e UP: em quem vocês votarão no eventual segundo turno? Ou estão torcendo para que Lula vença no primeiro turno e assim nem precisem se posicionar?