As estações de trem amanheceram fechadas hoje em São Paulo. Os trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) cruzaram os braços e pararam o sistema em resposta à direção da empresa e ao governo do Estado, após a negativa reiterada em negociar o justo reajuste dos salários.
Todos os vencimentos da categoria estão congelados desde março de 2019, dois anos e meio de inflação comendo solta e o salário valendo menos mês a mês. Os trabalhadores sentem a diferença gritante, percebem que se anos atrás sobrava um pouquinho no fim do mês, hoje já está difícil fechar todas as contas, com aumento do gás, da luz, do aluguel, dos preços no mercado. Pra arregaçar de vez as contas do peão, a CPTM deu calote na Participação nos Resultados de 2020, que é uma parte importante da remuneração anual da categoria. Com pagamentos em atraso e salário arrochado, os ferroviários da CPTM vêm tentando há meses se organizar e lutar pelas suas condições mínimas de trabalho e de sustento da família. Hoje, depois de meses de enrolação na justiça do trabalho e corpo mole dos sindicatos, a categoria iniciou uma greve.
A empresa quer dar 0% e cortar adicional noturno, horas-extras e outros benefícios, a categoria já avisou que não vai aceitar. Mas a luta não será fácil: os três sindicatos são controlados por pelegos que só estão interessados no próprio bolso. Há meses eles vêm enrolando a categoria, marcando assembleias de mentira e bloqueando as mobilizações. Nesse meio tempo, mais de uma centena de ferroviários morreu na segunda onda de covid à espera de uma vacina, e as linhas 8 e 9 da CPTM foram entregues de presente pro consórcio de empreiteiras corruptas CCR. Os sindicalistas não querem lutar, querem apenas fazer um showzinho pra assustar o governo e barganhar sua própria fatia na exploração do trabalhador.
Nós, trabalhadores, precisamos furar o bloqueio, organizar nossos colegas em cada estação, cada oficina e cada escala de maquinista. Ir nas assembléias pressionar as diretorias dos sindicatos, montar piquetes nas estações e dialogar com a população, que é empurrada pelo governo canalha contra os trabalhadores do transporte em toda mobilização. É preciso organizar a greve pra forçar a CPTM a cumprir o mínimo: reajustar os salários e pagar a PPR de 2020 que eles devem! O governo fala que não tem dinheiro e mente sobre a remuneração dos seus empregados, mas mantém os salários astronômicos na diretoria, continua fazendo obras inúteis, e os ferroviários vêem a receita crescer a cada semana nas bilheterias das estações!
Reajuste salarial pra compensar a inflação já! Pagamento das remunerações atrasadas já!
Todo apoio à greve dos trabalhadores da CPTM!