O Governo do Estado de São Paulo aumentou o preço das passagens de trem e de metrô, que passam a custar R$5,00 em 2024. Congelado desde 2020, o preço era R$4,40 para quem usava esses modais de transporte público. Desde 2006, os sucessivos reajustes acumulam uma alta de 117,4% em termos nominais (em 2006, a passagem custava R$2,30). Qual foi a justificativa do Tarcísio? “A tarifa está congelada há muito tempo e a gente tem que começar a fazer a conta. Ou eu repasso alguma coisa pra tarifa ou a gente permanece com ela congelada e eu aumento o subsídio.”
Em tempo: se a correção de 2006 até novembro de 2023 seguisse exatamente o IPC-Fipe, a passagem custaria R$5,83. Não sejamos ingênuos, novas correções virão cedo ou tarde para manter os lucros empresariais em linha com o avanço da inflação e dos custos arcados pela CCR e pelo Estado.De fato, apesar de todo o cinismo típico de um político burguês, Tarcísio age de acordo com as exigências da classe para a qual governa. O transporte público em São Paulo é gerenciado conjuntamente entre o Estado e grupos privados reunidos em torno dessa concessionária. De toda a receita gerada pelo bilhete único, 64,3% é repassado para o SPTrans, 28,6% para a CCR e 7,1% para CPTM e METRÔ. O reajuste da passagem, como podemos ver, reflete uma negociação do Estado com os capitalistas que garante um incremento no lucro das empresas que exploram os trabalhadores do setor.
O encarecimento da passagem nos lembra das jornadas de junho de 2013, iniciadas nas manifestações contra o aumento de R$0,20 no transporte público paulista, tendo o Movimento Passe Livre como a linha de frente da mobilização. Uma década depois, é necessário fazer um rápido balanço programático do processo. Em 2013 conquistamos que a tarifa não fosse reajustada, mas isso não deteve o aumento da carestia de vida. À época, Haddad (prefeito) e Alckmin (governador), além de nos reprimirem nas ruas, foram taxativos: pra não aumentar esses 20 centavos, vamos ter que tirar de outros serviços da população. Os atuais ministro da economia e vice-presidente do governo Lula agiram e argumentaram em 2013 como agora age e argumenta Tarcísio.
O novo reajuste nos lembra que o proletariado e suas direções não devem exigir que o Estado controle preços que são regidos pela lei do valor e pela dinâmica de mercado da economia capitalista. A passagem de transporte público compõe os meios necessários para subsistência de um trabalhador, de modo que seu custo entra no cálculo do valor da força de trabalho. Se a inflação aumentou e os lucros dos capitalistas foram reajustados para ontem, que a classe trabalhadora exija de seus patrões acorreção imediata dos salários!
O congelamento de preços na canetada de um político, além de ser temporário, pode servir a fins meramente eleitoreiros. É o caso do prefeito Ricardo Nunes, que já anunciou que vai manter a passagem dos ônibus em R$4,40. O que Nunes quer é o voto para estar novamente na cadeira do executivo paulistano. Não nos enganemos: se eleito, será pressionado e cederá ao reajustedas passagens em 2025. Em oposição a medidas temporárias, ineficazes e facilmente absorvidas para uso eleitoral, devemos levantar uma bandeira que unifica o conjunto do proletariado na luta pela preservação de suas condições de vida contra a exploração dos patrões: a escala móvel dos salários. Nenhum centavo abaixo do custo das mercadorias básicas. Se está mais caro viver, em parte porque a tarifa aumentou, que o salário aumente na mesma medida para bancar o encarecimento!