Transição Socialista

Argentina: inflação sobe e governo joga a conta pro peão

Na semana de 13 de maio, operários da Mondelez Victoria iniciaram uma greve com piquetes, controlando o acesso à fábrica, pra defender um companheiro que foi demitido por perseguição da chefia.

Em dezembro, o povo cercou o Congresso e fez a polícia recuar quando o governo tentava votar uma proposta de reforma da previdência similar à brasileira. Milhares tomaram as ruas, em unidade, pra defender um direito mínimo, o de uma aposentadoria digna.

O fantasma da inflação ronda a Argentina. A população sente o aumento dos preços, principalmente nas últimas semanas. Em 2017, o custo de vida subiu 24,8%, mas os salários não acompanharam, ficaram defasados. Neste ano, o governo já admite que a economia vai crescer pouco e a inflação vai ser alta (especialistas falam em pelo menos 20%). Todos estão com medo de uma catástrofe econômica.

Assim como no Brasil, o governo tenta aplicar uma série de reformas capitalistas. Mas o governo lá também tem enfrentado resistência dos trabalhadores, principalmente na tentativa de aprovar a reforma da previdência.

Maurício Macri, o presidente argentino, se esforça para “abrir” a economia a uma série de investidores, para lucrarem às custas do aumento da dívida externa, da qual parte é em dólares.  Com a alta do dólar, que já é uma moeda muito utilizada na Argentina, a dívida se torna ainda maior e vira uma bola de neve. Isso porque, para pagar suas parcelas, o governo, na prática, “toma” mais dinheiro emprestado a juros maiores, pagos em dólar.

O peão, como sempre, sente o resultado com mais força: aumento generalizado do custo de vida, inflação em disparada. A conta da lambança do presidente e seus amigos banqueiros e empresários, que faz a moeda argentina perder valor, é repassada ao trabalhador.

Não à toa, em assembleia de um estaleiro estatal, os operários entoaram o canto que nasceu nos estádios de futebol: “Mauricio Macri, la puta que te parió”.

Lá, como aqui, os ataques do governo são duros. Mas os trabalhadores argentinos têm uma tradição de luta muito forte: certamente o sono de Macri ainda é atormentado pela força da revolta popular que, em 2001, aos gritos de “Que se vayan todos” (Fora todos), derrubou cinco presidentes, um atrás do outro, em poucos dias. Torcemos para que esse seja o destino de Macri!