Foi dado o pontapé inicial para a campanha salarial nas fábricas metalúrgicas de São José e região! O Corneta acompanhou a assembleia realizada no sábado, 14 de julho, na subsede do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Com uma discussão que abrangeu desde a corrosão do salário pela inflação até a impossibilidade de se resolver os problemas da classe trabalhadora no capitalismo, e que contou com falas de trabalhadores e trabalhadoras de diversas fábricas da região, a assembleia começou a preparar os passos e organizar a luta com antecedência.
Além das reivindicações de reajuste salarial de 16,97% e da redução da jornada de trabalho para 36h, foram discutidas e aprovadas, a renovação dos acordos e convenções coletivas para que os patrões nem pensem em querer trocar direitos por salários, e a necessidade de unificação de direitos de metalúrgicos de todos os setores. Também foi aprovada a cobrança da contribuição assistencial de todos os trabalhadores da base para a Campanha Salarial.
Por reivindicações tão combativas quanto o sindicato
Nós d’O Corneta consideramos a direção do sindicato de São José companheiros de luta, que fazem com que o Sindicato dos Metalúrgicos seja um importante exemplo para a categoria e para toda classe trabalhadora. Por isso, achamos que é nosso dever abrir uma discussão sobre as atuais reivindicações da campanha salarial: para nós existem formas melhores de reivindicar a reposição salarial e a redução da jornada de trabalho. Por que os companheiros reivindicam o índice de 16,97%? Porque sabem que os patrões usarão o falso índice baixo da inflação oficial para oferecer um reajuste na casa dos 3%, e chamar isso de aumento real.
Esse aumento, entretanto, esconderá toda a desvalorização do salário que vem se acumulando a cada reajuste anual abaixo da inflação. Enquanto isso, a inflação não espera: ela avança mês a mês sobre o salário do peão. A única forma de não permitir que o salário se desvalorize é inserindo a Escala Móvel de Salários como cláusula do contrato de trabalho, isso é, que se garanta o reajuste mensal do salário automaticamente de acordo com a inflação dos produtos consumidos pelo trabalhador. Se o preço sobe, o salário tem que acompanhar todo mês ou então empobrecemos a cada dia do pagamento. Da mesma forma, os patrões usam a produtividade para manter os trabalhadores reféns. As opções são ter o coro tirado ou o medo da demissão quando a quantidade de trabalho cai.
A melhor maneira de combater isso é reivindicando as Escalas Móveis de Horas de Trabalho: se a produção cai, as horas necessárias para a produção são divididas entre todos que estão empregados, todo mundo continua trabalhando e ganhando o mesmo salário, mas trabalhando menos horas para ninguém ser demitido. Mesmo reduzindo a jornada para 36h, com a crise a produção pode cair abaixo disso e os patrões pegam os operários desprevenidos. Nenhuma demissão é só impondo a divisão das horas entre todos. A forma como os sindicatos lutam contra o arrocho e as demissões hoje são insuficientes, pois não garantem a estabilidade nos empregos e nos salários, no fundo é a mesma forma que a CUT e os pelegos sempre usaram.
As Escalas Móveis precisam ser discutidas com os operários de São José, com os demais sindicatos metalúrgicos, sobretudo de Campinas, de Limeira e da Baixada Santista que são mais combativos. Essas reivindicações correspondem à defesa intransigente do trabalhador.
Mesmo que elas não sejam conquistadas imediatamente, elas pressionam muito mais os patrões, porque demonstram que a peãozada sabe o quanto está perdendo e sabe o que ó o justo, que é apenas manter os empregos e o poder de compra. Se os sindicatos já entram na negociação com reivindicações mais rebaixadas, a patronal em geral aproveita para ceder menos aos trabalhadores. Os patrões que paguem pela crise que eles criaram! Todo apoio às campanhas salariais dos operários metalúrgicos.