A GM partiu para o ataque contra os trabalhadores da planta em São José dos Campos (SP). Esse ataque estava sendo planejado desde o final de 2018, quando a GM anunciou que considerava fechar as operações na América do Sul, devido à suposta falta de lucratividade. Mas era blefe: a empresa fechou o ano com um lucro líquido de mais de 8,1 bilhões de dólares (quase 30 bilhões de reais)! Os caras de pau ainda esconderam informações sobre os ganhos da empresa na América Latina.
A verdade é que a GM estava tentando acelerar sua reestruturação produtiva no Brasil. Ela apresentou um pacote de maldades ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José e blefou aos operários: aceitem ou iremos embora, levando os empregos. O sindicato, em vez de pedir truco diante do blefe da empresa, caiu na chantagem e tentou encontrar um meio termo, uma conciliação, rifando os direitos dos trabalhadores! Sem sindicato de luta, a maioria dos trabalhadores (90%), refém da lógica da chantagem e do terrorismo da GM, não soube o que fazer, e aceitou a proposta.
Os trabalhadores ofereceram o coro para ser arrancado: ficarão sem reajuste salarial no ano de 2019, substituído por um abono de R$ 2.500,00; terão um reajuste de no máximo 60% do INPC em 2020, com um abono de R$ 1.500,00; terão salário reajustado novamente de acordo com o INPC apenas em 2021; verão reduzir enormemente o piso da categoria (que necessariamente levará a demissões); perderão o adicional noturno; verão as horas extras se multiplicarem; perderão, na prática, a estabilidade dos lesionados, que as máquinas da GM devora cotidianamente. Em “contrapartida”, a empresa “ofereceu” a exploração cotidiana, mas agora em maior grau. Antes ia fechar, agora, graças à “luta” do sindicato, a GM vai investir!
Ford adere à chantagem
No fechamento desta edição, a Ford anunciou o fechamento de sua fábrica em São Bernardo, que se daria até o fim do ano. Ao que parece, a derrota na GM abriu caminho para a chantagem dos capitalistas contra todos os trabalhadores do Brasil.