De fato, o PT de novo não dá! É totalmente compreensível que a peãozada vai votar no Bolsonaro pra não deixar o PT voltar. O PT nos deixou esta miséria, todo mundo endividado, sem emprego, vivendo de bico, perdendo carro, casa, o país afundado em crise, corrupção, governo Temer etc.
Mas e o outro, o Bolsonaro? Será mesmo a salvação? Nós não acreditamos em salvação fácil. Não acreditamos em Bolsonaro, assim como nunca acreditamos em Lula e o no PT. Sempre falamos que o PT ia dar nisso. E estávamos certos.
Votaremos nulo. Alguns já nos criticam: “votar nulo é abstenção”, é ser “isentão”. “Vocês vão facilitar para o PT! Vamos perder a chance de tirar o PT do poder!”. Achamos legítimo quem pense assim.
Mas o lance é o seguinte: Bolsonaro é muito parecido com o PT. Já estourou mais um escândalo de ilegalidade e corrupção com Bolsonaro. Investiga-se uso de R$ 12 milhões ilegais por parte da campanha dele no WhatsApp. E tem todo o resto: aumento injustificável de patrimônio, em 400%, dos seus filhos, recebimento de 200 mil reais ilegais da JBS, manutenção de funcionários fantasmas vinculados a seu mandato, manutenção de casa parlamentar (mesmo tendo casa própria em Brasília) etc.
Assim como fez o PT, Bolsonaro, se eleito, vai fazer a roubalheira em escala nacional. Só vai mudar um pouco o discurso. Antes eram mentiras para enganar o povo, cobertas com um verniz de “esquerda”, agora serão mentiras com verniz de direita. Mas o peão vai continuar ferrado.
Logo mais Bolsonaro se entregará às negociatas do “centrão”, ao “toma lá dá cá” da corrupção, para poder governar. Logo mais ele comprará parlamentar para fazer a reforma da previdência (para ferrar você, trabalhador).
Bolsonaro vai ser tão contra os trabalhadores quanto o PT. O economista principal dele, Paulo Guedes (investigado por fraudes milionárias em fundo de pensão), aplicará medidas tão duras contra os trabalhadores quanto as que Dilma começou (reforma trabalhista e previdência).
Entendemos quem quer votar no Bolsonaro por ódio ao PT. Mas nos sentimos no dever de alertar que quem votar nele também vai quebrar a cara amanhã, como quem votou no PT ontem.
Por mais que o peão vote com ódio, os problemas dos trabalhadores são muito maiores do que uma eleição. Votar não resolve nada. Tirar um grupo corrupto, que aprova lei contra o peão, apenas para colocar no lugar outro grupo, que faz a mesma coisa, é cilada. O peão precisa encarar seus problemas de frente, que vão muito além das urnas e das eleições. O fato do peão estar fraco, impotente, isolado, sem força de classe, não significa que ele tem de escolher o melhor carrasco.
O desafio é construir uma alternativa política combativa, verdadeira e honesta, dos peões. É nesse caminho, e só nesse, que o Corneta aposta. Voto nulo não é se isentar. Voto nulo é saber que as nossas tarefas são muito maiores e se preparar conscientemente para elas!