Os operários das chamadas “Indústrias Maquiadoras” da fronteira México-EUA nos deram uma grande lição. Disseram: “Pela união de todos os trabalhadores! Resistiremos até o fim, confiando apenas em nós mesmos!”. Pelo menos 70 mil operários de 45 fábricas – incluindo fornecedoras da GM, Ford e Fiat-Chrysler – entraram em uma greve por tempo indeterminado, à revelia das empresas e do sindicato.
A região industrial de Matamoros possui 122 empresas dedicadas a exportar commodities para os EUA, incluindo cabos, componentes elétricos, acessórios de veículos, produtos químicos, maquinaria e computadores. O investimento em Matamoros está em volta dos 60 milhões de dólares, embora os lucros dos patrões passam em muito esse número. Enquanto as empresas enriquecem mês a mês, os trabalhadores empobrecem dia a dia. O salário médio de um operário da região é de míseros 200 dólares por mês. E para piorar: a empresa, que havia prometido um aumento de 20% nos salários, deu pra trás e alegou não “ter dinheiro para isso”.
Revoltados com esse ciclo de exploração e enganação, dois mil operários foram protestar em frente ao sindicato (Sindicato de los Obreros de la Industria Maquiladora), exigindo que se lutasse por seus interesses. Deram com a cara na porta. Aos gritos de “Fora Villafurte (presidente do sindicato)” e “Fora caciques vendidos!”, os trabalhadores perceberam que não poderiam contar com o apoio do seu próprio sindicato na luta contra os patrões.
Para a surpresa desses sindicalistas, a próxima assembleia reuniu milhares de operários que, sob os gritos de “Greve!” e “Trabalhador unido não será vencido!”, declararam greve por tempo indeterminado, repudiaram a representação do sindicato e elegeram seus próprios representantes para organizar sua luta. Dois membros de cada fábrica da região foram eleitos em assembleia para liderar a greve. Após a reunião, os grevistas visitaram todas as empresas da região para chamar seus colegas a entrar no movimento e estenderam bandeiras vermelhas e pretas – um símbolo tradicional mexicano de ocupação de fábrica.
O que começou com apenas dois mil operários em protesto se estendeu a 70 mil em greve, de mais de 45 fábricas. E o movimento só cresce, apesar de todas as tentativas repressivas dos patrões e sem o aval do sindicato. Com medo do movimento se ampliar para as grandes empresas americanas (GM, Ford, etc), os patrões fazem de tudo para impedir assembleias e reuniões dos trabalhadores nas fábricas, pois sabem que a revolta já se espalhou e tende a crescer cada vez mais. Os patrões que se cuidem, pois a força e verdadeira união dos peões pode derrubar tudo. No dia 20/01, marcharam de suas plantas até a praça principal da cidade cantando “Burguesia, saia daí!”.
Todo o apoio aos corajosos operários mexicanos!
Nas fotos: No topo da página: Operários em assembleia pedem greve em Matamoros; no corpo do texto, de cima a baixo: em ato, trabalhadores carregam faixa que diz “Sindicato e empesa ‘matam a classe operária”; assembleia em Matamoros; cartaz pede que cada fábrica eleja um representante: “urgem novos líderes”; protesto de trabalhadores em praça central da cidade.