Não é por acaso que, em diferentes países pelo mundo, aumentam as demissões e a exploração aos trabalhadores. Para não perder nenhum centavo de lucro, os patrões preferem lançar massas de trabalhadores nas ruas e intensificar ainda mais o trabalho, sem um salário minimamente justo. Eles vêem nisso a única alternativa para não perder seus milhões acumulados, que foram produzidos através do suor do povo que hoje vê a sua vida piorar.
A conta da crise, para eles, sempre vai ter que cair nas nossas costas. O governo pode dizer o que quiser sobre si mesmo, mas foi colocado nesse lugar para cumprir um papel: apoiar as empresas e conservar o seu lucro bilionário. Os ataques de austeridade, como reformas trabalhistas, previdenciárias, ajustes fiscais e retirada de direitos são formas para tirar o pouco que temos para dar para quem tem muito. Os trabalhadores de diversas partes do mundo respondem e resistem às demissões e aos ataques, buscando se organizar. Essa é a saída
Argentina
Trabalhadores da refinaria Elicabe, em Bahía Blanca, ocuparam uma das plantas da empresa para protestar contra 200 demissões anunciadas no dia 5 de Julho. A refinaria, que opera há cerca de cem anos, chegou a ser comprada pela Petrobrás na década de 90, mas passou por várias reestruturações nos últimos anos e tem hoje outros donos. Teme-se que a planta vire um armazém e que por isso haja cortes de pessoal. Os patrões justificam as demissões pelo aumento dos custos de produção. Os trabalhadores não aceitaram esse ataque e entraram em luta para reverter as demissões.
Canadá
Trabalhadores em greve da mineradora de sal Compass Minerals, em Ontario, bloquearam as estradas de acesso para a mina para protestar contra as recentes demissões ocorridas na empresa. Após o anúncio das demissões, os trabalhadores entraram em greve! O recente bloqueio das estradas preveniu que os trabalhadores temporários, contratados pela empresa, entrassem ao trabalho.
Índia
Trabalhadores da empresa Madhya Pradesh Eletricity continuam em greve desde o dia 25 de junho. A empresa de eletricidade emprega 45 mil trabalhadores em condições perigosas de trabalho, mas que só recebem de 6 a 8 mil rúpias por mês (o equivalente a R$380,00). Uma grande parte dos novos contratos de trabalho são temporários e com salários menores. As demandas dos milhares de trabalhadores em greve são: tornar os trabalhadores temporários permanentes, salários iguais para todos e aumento de benefícios.
Espanha, Alemanha e Polônia
Greve internacional na empresa Amazon! Os trabalhadores da empresa nos três países entraram em greve para protestar contra as péssimas condições de trabalho em vários armazéns da empresa. Os trabalhadores andam cerca de 24km por turno e não são pagos pelas horas que passam por humilhantes revistas de segurança ao final dos turnos. A empresa demite trabalhadores à torto e à direito, com justificativas esdrúxulas. As condições são ainda piores em países mais pobres, como Índia, China, Jamaica e África do Sul.
CONTRA AS DEMISSÕES E AS PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE TRABALHO!
CONTRA AS POLÍTICAS DE AUSTERIDADE DOS GOVERNOS!
França
O povo francês está nas ruas contras os ataques do governo Macron. Depois da enorme greve dos ferroviários do último mês, os protestos continuam. A resposta do governo é reprimir sua própria população. Em Nantes, depois da morte de um jovem trabalhador pela polícia, barricadas e carros foram queimados em protesto.
Nicarágua
Os protestos que se iniciaram após a aprovação da reforma da previdência pelo governo de Ortega continuam. Desde o início das manifestações, a reforma de previdência foi revogada e o exército está nas ruas reprimindo duramente a população, que continua protestando pela saída do presidente do poder. Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para pedir a destituição do ex-guerrilheiro sandinista, traidor dos trabalhadores, e o governo responde com mais repressão para se perpetuar no poder. Fora Ortega!
Greves de caminhoneiros se espalham pelo mundo
Não é só no Brasil que os caminhoneiros pararam por conta do alto preço dos combustíveis. Nesse momento, mais de 9 milhões de caminhões estão parados na Índia, numa greve que demanda fim das altas diárias no preço do diesel e menores pedágios e seguros. Em maio, foi a vez dos motoristas iranianos pararem. No Haiti, foi agora em julho.
Haiti: povo reage ao aumento do combustível e para o país
No Haiti, o impacto do aumento no preço dos combustíveis foi muito grave, dada a situação precária da economia do país. Lá o governo se aproveitou da paixão do povo pelo futebol brasileiro e decretou na surdina, durante a partida Brasil x Bélgica, aumento de 38% na gasolina e de 51% no querosene. A população haitiana depende muito do querosene para cozinhar e iluminar suas casas. Com isso, estourou uma greve geral, capitaneada pelos trabalhadores dos transportes, que parou o país por dois dias e na qual houve barricadas nas ruas. Inclusive o jovem proletariado têxtil das zonas francas do país parou, setor que é muito importante entre os trabalhadores haitianos.
A Polícia Nacional não saiu dos quartéis em alguns momentos, embora quando foi às ruas tenha matado ao menos dez manifestantes. Mesmo depois do governo recuar e desistir dos aumentos, os trabalhadores continuaram nas ruas reivindicando a sua derrubada por mais alguns dias.
Esses são alguns destaques da luta internacional dos trabalhadores da edição 88 de O Corneta (agosto/setembro 2018)