Não queremos migalhas, mas sim pão!
Nas últimas semanas, o povo tomou as ruas na França contra o empobrecimento. A revolta começou quando o governo aumentou o imposto sobre o combustível. Primeiro, no interior do país, pequenos produtores saíram às ruas vestindo coletes amarelos, item de segurança obrigatório nos carros por lá, que se tornaram o símbolo do movimento.
Rapidamente, a rebelião se espalhou. Organizados pelas redes sociais, dezenas e depois centenas de milhares de trabalhadores fizeram fortes manifestações todo sábado, desde 17 de novembro. A cada semana, estão em mais cidades do país e até nas vizinhas Bélgica e Holanda. Em Paris, resistiram à polícia arrancando pedras das calçadas e construindo barricadas na avenida mais importante da cidade, a Champs Élysées.
A polícia reagiu duramente, mas o povo continua na rua. Na primeira semana de dezembro, estudantes ocuparam centenas de escolas de ensino médio pelo país, e na quinta-feira, dia 6, houve protestos em mais de 280 escolas e faculdades. Pelo menos 700 estudantes foram presos e várias escolas desocupadas de forma violenta pela polícia.
O governo recuou do aumento do imposto do combustível temporariamente. Mas, ainda assim, no sábado, 8/10, milhares tomaram as ruas de Paris e de toda a França. “Não queremos migalhas, mas sim pão!”. A revogação do combustível não é o suficiente. O governo escalou 89 mil policiais para reprimir os protestos, 8 mil só em Paris. Ao menos mil pessoas foram presas no dia 8 e mais de cinquenta ficaram feridas.
A revolta se espalha com rapidez porque o trabalhador francês, como o brasileiro, não aguenta trabalhar como um condenado por um salário de fome que mal paga suas contas… Isso quando se tem a sorte de ter um emprego! Lá, um em cada quatro jovens não tem trabalho. O povo sai às ruas porque não dá mais para aguentar a miséria, o salário que não dá para o mês. No meio da lista de exigência, que só cresce, aparece o aumento do salário mínimo e o reajuste dos salários e pensões de acordo com a inflação. Agora uma greve geral está marcada para o dia 14/12!
A popularidade do presidente Emmanuel Macron despencou para os menores níveis. Justo ele, que era visto no mundo todo como a “salvação”, como o outsider, o cara que veio de fora dos grandes partidos políticos falidos, para apresentar uma alternativa, algo “novo”. Mas o povo se cansou do “novo”, tão logo percebeu que esse “novo” era só mais do mesmo, do velho. Bolsonaro que se cuide, pois logo ocorrerá o mesmo com ele!
Avante, franceses! Que seus ventos de revolta cheguem logo na América Latina!
*Nas imagens: protesto dos coletes amarelos em frente ao Arco do Triunfo; guilhotina é levada a protesto, em indireta a Macron.