Já analisamos outras vezes que o mercado de entorpecentes é um dos mais rentáveis para o capitalismo mundial. O processo de produção dessas mercadorias é muito baixo e simplório. Trata-se, em geral, de plantas processadas. O valor agregado na produção é muito baixo, de tal forma que o preço de uma pequena quantidade de maconha, por exemplo, poderia facilmente ser equiparado ao de um saquinho de orégano. Todavia, justamente por serem proibidas, tais mercadorias tornam-se muito valorosas. Ou seja: a proibição estatal cria condições tais que fazem com que a lei da oferta e da procura incida sobre a lei do valor criando uma deformação valorizadora aberradora.
O atentado fundamentalista em Paris; o estouro das barragens da Samarco-Vale; a crise hídrica no sudeste brasileiro; as regiões das grandes cidades controladas por “Estados” paralelos — esses são, infelizmente, poucos exemplos da barbárie em que já nos encontramos. Na verdade, convivemos com altos graus de barbárie, a naturalizamos e, paradoxalmente, a consideramos um risco vindouro, não presente. É preciso dar a dimensão histórica do que se passa.