Na semana passada, Bolsonaro concluiu sua minirreforma ministerial. O resumo dela é o seguinte: para não cair por impeachment, o presidente entregou completamente o governo ao “centrão”. O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, foi nomeado para o comando da Casa Civil, antes sob direção do general Luiz Eduardo Ramos. Também o Ministério do Trabalho foi recriado. Ainda que sob direção de Onyx Lorenzoni, o novo ministério abrirá mais espaço para cupinchas do centrão.
Frente à precipitação da crise social no país, resultado da avassaladora crise econômica e do descontrole absoluto da pandemia, a burguesia se encontra num patamar a cada dia mais elevado de ingovernabilidade. A maioria da população brasileira, por outro lado, está à beira da morte, seja pela fome, seja pelos efeitos da pandemia no seu momento mais crítico.
O mais novo capítulo do bolsolulismo consiste em tornar Lula elegível e Moro inelegível. Cumpre-se assim o programa de Romero Jucá: estancar a Lava-Jato pra salvar Lula e assim salvar todo mundo.
A saída de Moro foi preparada por Bolsonaro junto com os líderes do corrupto centrão. Estes defenderiam Bolsonaro de um impeachment, mas em troca queriam a saída do ministro e muitos cargos. O PT, toda vez que há chance real de Bolsonaro sair, recua, pois tudo o que Lula quer é enfrentar Bolsonaro em 2022 (e vice-versa). Uma esquerda de verdade tem de ser absolutamente contra Bolsonaro e Lula.
Frente à instabilidade social mundial (passeatas e protestos), a burguesia se desespera, em crise de hegemonia política. A América Latina caminha para a ingovernabilidade. No Brasil a burguesia desenha um caminho: o bonapartismo. O bolsolulismo terminará com a soltura do chefe petista para salvar a nação capitalista.
O bolsolulismo é a principal corrente política em Brasília hoje. O nome de Aras para a PGR foi indicação velada de Jaques Wagner, quem hoje dá as cartas do PT em Brasília. Aras é a materialização do acordo Bolsonaro-PT. A CPI da Lava-Toga, entretanto, pode quebrar o acordão.