Acaba de ser publicado o livro “O problema da crise capitalista em O capital de Marx” (Paco Editorial, 212 p.), dos professores Dr. Hector Benoit (Filosofia/UNICAMP) e Dr. Jadir Antunes (Economia/UNIOESTE). A obra — que conta com apresentação do prof. Dr. Plínio de Arruda Sampaio Jr. (Economia/UNICAMP) — busca compreender a crise da economia capitalista à luz da dialética revolucionária de “O capital” de Karl Marx.
Nem começou e o governo Temer já caiu em descrédito. Temer, o vice cuja popularidade chega a 2%, foi condenado na última semana por gastos abusivos em doações eleitorais e é agora considerado “ficha-suja”, inelegível por oito anos. Pela primeira vez na história deste país teremos uma figura sabidamente “ficha-suja” conduzindo a nação.
Os acontecimentos políticos posteriores a março de 2015 diluíram o descontentamento, ou turvaram o caminho da conjuntura. Isso ocorreu porque a verdade iluminada pelo descontentamento da classe trabalhadora no início de 2015 não teve consequência. Essa verdade não foi pega e trabalhada (cultivada) pela vanguarda organizada da classe trabalhadora e, por isso, não foi mantida manifesta; ela refluiu e se escondeu, obscurecendo o caminho.
Em momentos de crise a verdade do sistema é revelada: o capital é obrigado a reconhecer, mesmo indiretamente, a toxidez financeira sobre a qual se eleva e, por outro lado, impõe-se a racionalidade da lei do valor-trabalho contida nas mercadorias.
Em todo o mundo assiste-se a um processo de crise da burguesia enquanto classe, econômica e politicamente. Ele tem assumido um caráter agudo nos últimos dias, graças ao derretimento acelerado da economia capitalista mundial. O mês de janeiro registrou a maior queda nas principais bolsas de valores mundiais desde o estouro da crise econômica em 2007-2008.
O que o retorno agudo da crise guarda hoje para a classe trabalhadora? Sabe-se que a sabedoria chinesa expressa a noção de crise por dois ideogramas: um é referente à ideia de “risco”, o outro à de “oportunidade”.
É célebre a máxima: as condições para transição socialista não estão apenas maduras, elas começam a apodrecer. Hoje, após longo período de encobrimento, tais condições começam a reaparecer como necessidade histórica, à medida que a racionalidade da classe trabalhadora se impõe.
Cria-se no Brasil, estruturalmente, de forma decisiva e talvez sem volta, uma geração sem futuro e sem perspectivas. Os índices de inadimplência, miséria, mendicância, bem como de doenças associadas ao desemprego e à improdutividade, como depressão e suicídios, já dispararam e tendem a ter um novo influxo.
O governo Dilma prepara o lançamento do PPE, o chamado Plano de Proteção ao Emprego, que prevê a diminuição de 30% da jornada de trabalho com igual diminuição dos salários. Isso significa dividir as nefastas consequências da crise econômica entre todos os trabalhadores empregados, livrando, assim, os capitalistas.
Após as grandes manifestações de junho de 2013 ficou evidente para os trabalhadores algo que antes era apenas pressentido: a atual forma de dominação política da burguesia no Brasil esgotou-se. O MNN anunciou isso em 2005, pouco após o escândalo do “mensalão” petista. O que ruía com o mensalão era […]