Transição Socialista

Tá uma carnificina aqui na Cinpal!

O Corneta vem recebendo denúncias dos operários da Cinpal sobre as mortes e contaminações dos peões por covid.

“A Cinpal está trabalhando com 100% dos seus funcionários. Mesmo com covid e mortes continuam os trabalhos pesados, sem dar importância ao caos que está acontecendo no Brasil e no mundo. Está pedindo peças e mais peças, sem se importar com a vida do próximo.”

Em vista do caos da situação, algumas prefeituras adiantaram feriados para diminuir a circulação de pessoas, o mesmo ocorreu em Taboão da Serra. No entanto, as indústrias se apoiaram, desde o início da pandemia, na lei federal 13.979/2020 regulamentada pelo Decreto Federal 10.282/2020 onde são consideradas essenciais para a sociedade, independente da mercadoria que produzem. Com esse argumento a Cinpal definiu – apoiada na lei escrita pelos próprios patrões – que o trabalho seguiria normal no feriado adiantado (dias 26, 29, 30, 31/3 e 1/4/21).

Com a situação sanitária cada vez pior, o Sindicato foi pressionado a pelo menos defender que os peões não trabalhassem no feriado. Foi realizada assembleia na porta da fábrica no dia 25/3, mas de forma enviesada e comprometida.

“Sindicato do faz o que a empresa quer!”

Companheiros do chão de fábrica comentaram como foi a assembleia vergonhosa: 

“Fizeram algumas propostas com ameaça, sabe? Uma proposta era ninguém entrar pra trabalhar, sem ser descontado, mas caso a empresa descontasse o sindicato entraria na justiça com o funcionário e depois veria o que aconteceria. E a contra-proposta era que todo mundo entrasse pra trabalhar normal e o sindicato iria conversar com a Cinpal pra ver se poderia pagar como hora-extra. Aí todo mundo aceitou essa daí, pra receber hora-extra sem ameaça de desconto, né?”

Vale ressaltar um detalhe importante apontado por outro companheiro:

“Todos tiveram medo de levantar a mão contra trabalhar no feriado porque sempre fica alguém do Rh filmando a assembleia!”

Após trabalharem o ano inteiro de 2020 nas mesmas condições, os operários da Cinpal mais uma vez não foram defendidos por seu sindicato nem mesmo na pior situação de todas, a morte de trabalhadores. O descaso vem de muitos anos e agora apenas se agravou.

“Trabalho há muitos anos na Cinpal. A empresa sempre lucrou um monte, mas nada de repartir com o peão, o salário é uma escassez, convênio médico é uma bosta!

Tem muita gente morrendo, eles não estão nem aí pra nada. Tratam o funcionário como lixo! A empresa não é humana, não. Brigamos com o sindicato, queremos rescindir com ele.

Se morre 10 peças lá dentro eles procuram gerente de produção, diretor, máquina, etc. Mas se morre 10 funcionários o máximo que eles fazem é publicar a vaga dos que morreram lá fora!”

A tragédia planejada continua. A peãozada produziu no “feriado” auto-peças “essenciais” para a sobrevivência da sociedade. E no dia 29/3 chegou a notícia de que mais um  operário da Cinpal – Wilson, do setor de Manutenção da planta 1 – falecera por causa do coronavírus.