Muito já se disse entre analistas da grande mídia, mas é necessário dizer uma vez mais, e sobretudo é necessário registrar numa perspectiva socialista: o bolsonarismo é um tigre de papel.
É isso que se comprovou nesta eleição municipal. A “onda bolsonarista” se mostrou uma verdadeira marolinha. Os dados até agora (primeiro turno) apontam para o seguinte: 95% dos candidatos apoiados por Bolsonaro perderam. O número deve crescer no segundo turno. Houve quem caísse ou paralisasse justamente após a declaração de apoio de Bolsonaro, com destaque para Russomano (São Paulo), Bruno Engler (Belo Horizonte), Coronel Menezes (Manaus), Delegada Patrícia (Recife) e outros. A famigerada “Wal do Açaí” não foi eleita vereadora em Angra dos Reis. A família da Carla Zambelli foi completamente desprezada pelo eleitor. O mesmo aconteceu com Joice Hasselmann e seus míseros 1,84% de votos em São Paulo. Rogéria Bolsonaro, ex-mulher do presidente e mãe de Flávio, Carlos e Eduardo, ficou em 266º lugar na disputa da câmara dos vereadores do Rio de Janeiro. Os quatro vereadores diretamente apoiados por Michelle Bolsonaro, a primeira dama, não foram eleitos. Carlos Bolsonaro teve neste ano muito menos votos do que em 2016 (20 mil votos a menos). 77 dos 78 candidatos que usaram o sobrenome Bolsonaro não foram eleitos (com exceção do referido Carlos). Oito dos nove candidatos a vereador apoiados diretamente (com vídeos) pela Ministra Damares Alves não se elegeram. E poderíamos falar de muitos, muitos outros casos.
Nada se confirmou da “tendência fascista” ou da “onda conservadora” da política brasileira. Com isso se comprova o que a TS sempre disse: Bolsonaro, MBL, a “direita” etc. têm apenas quinze minutos de fama. Eles não se explicam por si mesmos, mas pela falência do PT. A “onda bolsonarista” durou dois anos, mas a “onda” do oportunismo petista durou uma década e meia (considerando apenas os anos de governo). Ela durou mais porque era mais profunda e real, tinha lastros organizativos verdadeiros na população trabalhadora, sobretudo em sindicatos e movimentos sociais. O atrelamento dos organismos da classe trabalhadora ao Estado burguês, promovido pelo PT, teve um caráter milhares de vezes mais nefasto para a luta da classe trabalhadora do que as patetadas da famiglia Bolsonaro. A classe trabalhadora foi desarmada nos anos de PT, com todos os seus “dirigentes” comprados pelo Estado; com seus organismos usados para quebrar todas as greves e mobilizações. A classe trabalhadora, sobretudo os setores operários, foi desmoralizada, e ainda hoje não se re-ergueu.
Com a passagem da marolinha bolsonarista (subproduto da onda petista), fica a cada dia mais evidente que o discurso de “golpe”, “fascismo”, “avanço da direita” são apenas narrativas para se capitular ao PT. E agora ao PSOL, que também terá maior acesso a verbas (o que logo aparecerá como corrupção). É um discurso para ganhar empregos, cargos, etc. A classe trabalhadora, entretanto, tendo passado a ilusão no PT e no bolsonarismo, não desistirá; procurará outro caminho. Ainda não o encontra porque não existe partido de esquerda no Brasil. Que a fugaz onda bolsonarista sirva de lição à vanguarda proletária deste país!