Transição Socialista

Participação no Polo Socialista

Em editorial passado sobre o Polo Socialista e Revolucionário, comentamos que era correta a tentativa de aproximar a ala à esquerda do PSOL para um espaço comum com o PSTU e outros lutadores (veja nosso editorial anterior aqui). Conforme lembramos, isso corresponde ao que propusemos desde 2018.

Além disso, no editorial criticamos a primeira plenária do Polo, pois ela não teve espaço real de discussão. Apesar de contar com a participação de importantes lutadores (não apenas do PSTU), a primeira plenária se reduziu a comentários conjunturais apressados (3 minutos) ou meramente laudatórios (de “celebração” do socialismo). Afirmamos que era um desperdício juntar militantes sérios de diferentes correntes para algo sem discussão real sobre programa e as tarefas da conjuntura. Ao final de dezembro, entretanto, recebemos um texto elaborado pelo PSTU, com cerca de 30 páginas, com contribuições para a discussão programática no polo socialista (veja o texto aqui). Ainda que o PSTU não pretenda deliberar sobre programa na reunião do polo, mostrou-se aberto à discussão programática comum.

Tendo tudo isso em vista, a TS deliberou pela solicitação à participação formal no polo socialista.

O primeiro elemento que julgamos importante para o avanço do polo é o desenvolvimento de uma intervenção mais clara contra o PT. É preciso ser mais incisivo. Diferentemente do que falaram os companheiros que conduziam a reunião paulista do polo, este não deve ser um espaço para “levar o socialismo às bases”. O motivo real e imediato do surgimento do polo é o fato de que o PSOL foi definitivamente sequestrado pelo lulismo. Isso faz com que as correntes à esquerda do PSOL se aproximem do PSTU. Não há por que esconder esse elemento tão claro da conjuntura com um discurso abstrato sobre “levar o socialismo às bases”. A conjuntura exige a apresentação de uma oposição muito mais radical e incisiva, de esquerda, ao PT. É evidente que o afastamento da esquerda em relação ao PT é um passo na direção de um programa socialista, mas esconder o primeiro elemento em nome do segundo é afastar a concretude da política.

É preciso dizer claramente que Bolsonaro é produto da putrefação burguesa do PT, de sua condução plenamente capitalista do Estado burguês, de sua atuação consciente a favor do aumento do grau de exploração da classe trabalhadora brasileira. Não entender isso não só inviabiliza a resistência amanhã (a um possível governo Lula), mas cria a derrota já hoje.

Construir um “polo socialista” para amanhã capitular novamente ao PT não tem serventia alguma para a luta pelo socialismo.

Estamos sinceramente dispostos a participar das plenárias do polo, sempre buscando debater e possivelmente esclarecer o que entendemos ser concessões inadmissíveis ao PT. Para esse mesmo propósito, desenvolveremos nas próximas semanas uma série de pequenos comentários ao texto programático apresentado pelo PSTU no polo.

A nosso ver, se o polo se encaminhar para uma posição programática comunista nas próximas eleições, e se desenvolver uma crítica revolucionária ao PT no mesmo período, poderá ter grande importância na reorganização dos revolucionários brasileiros.