Transição Socialista

Rádio Corneta: O trem fantasma da CPTM

A entrevista a seguir foi gravada com um trabalhador da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM. Por questões de segurança, os nomes são fictícios, e a entrevista foi regravada com outras vozes, para impedir a identificação do companheiro.

Ouça a edição da rádio com a entrevista:


O Corneta: Boa noite, companheiro. Qual é o seu nome e quais são as atividades que você desempenha na CPTM?

Boa noite. Meu nome é Álvaro, eu sou Agente de Serviços de Operação na CPTM, trabalho na Linha 8-Diamante. O meu cargo é o responsável por cuidar da operação do transporte nas estações, a gente vende bilhete, e, além disso, cuida de todas as atividades necessárias que são dentro da estação.

OC. Como está a situação de trabalho de vocês na empresa atualmente? Como estão lidando com a situação de pandemia?

Olha, a situação tá bem difícil… Tem mais de um ano de pandemia agora, o transporte nunca parou, nem nas fases mais críticas da doença. Aliás, a fase mais crítica é a que a gente tá vivendo agora, né. A gente segue trabalhando, independente de qualquer coisa, porque “a ferrovia não pode parar”, como os caciques da CPTM gostam de falar. E aí as contaminações comem soltas, óbvio. Milhões de pessoas passam pelo sistema todo dia, e o fluxo atualmente tá muito próximo do normal, sem pandemia, porque a grande maioria dos trabalhadores está sendo obrigada a trabalhar normalmente, o patrão não tá nem aí. Fica em casa, protege a família, mas o peão tem que trabalhar. Se morrer, é só mais um. Pra eles, a gente é número.

OC. Vocês, ferroviários, estão na linha de frente, né. Os trens e estações são dos lugares com maior risco de contaminação pelo vírus. Qual vem sendo a postura da empresa em relação a isso? Tem EPIs, estão recebendo proteção, a rotina de trabalho se ajustou à situação?

A postura da CPTM é clara: morrer, morreu! Eles nem fingem que se preocupam. Quando começou a pandemia, eles deram meia dúzia de máscara pra cada empregado, uma máscara tão grossa que não dava pra respirar, o pessoal falava que fizeram com o pano das fardas dos PFs. Ninguém nunca usou, claro, cada um comprou as suas. Álcool em gel, os caras tiveram coragem de encaminhar álcool em gel vencido uma vez. Em setembro do ano passado, juro por Deus, em setembro, seis meses de pandemia, chegaram termômetros nas estações. Seis meses de pandemia. 

O serviço não mudou praticamente nada… Continuamos tendo que ficar ali expostos a milhares de pessoas por dia na estação, de passar o dia pegando em tudo quanto é superfície, vender bilhete pegando em milhares de cédulas. O serviço na estação de trem é o centro de contaminação perfeito, o vírus não precisa fazer nada, a gente, funcionários, tá lá o dia inteiro pegando o vírus de um passageiro e distribuindo pra outros dez. É inacreditável. Fora os trens lotadíssimos, sem janela, com a tubulação do ar condicionado acabando dentro da cabine do maquinista. Enfim, um absurdo completo. A gente não pensa muito nisso porque o bicho tá pegando e todo mundo só pensa em sobreviver, em garantir seu trabalho e seu salário. Mas quando você para pra pensar, é uma barbárie.

OC. E quais as consequências da situação na categoria? Muitos infectados, muitas mortes?

Cara, é uma tragédia. É muito triste falar disso. De tudo isso que eu falei, dessa postura da empresa, tem uma coisa muito, muito pior. Que é que os idosos e doentes, grupo de risco, estão sendo obrigados a trabalhar normalmente nos seus postos, nas estações, nos trens etc. Totalmente expostos. E no caso dessas pessoas, pra mim, por exemplo, é preocupante, claro, tenho medo da doença, me preocupo com meus familiares, não estou vendo meus pais e avós, faz muitos meses. Mas pra quem é idoso, diabético, hipertenso, estar trabalhando no nosso serviço é uma roleta-russa. Se você tá nesse grau de exposição, mais dia, menos dia, você vai ser infectado, não tem como. E quando algum colega vulnerável afasta com covid, a gente já sabe, já se prepara pra ele não voltar, porque a chance de entubar é muito grande, e se entubar, não volta mais. 

Foram muitos, muitos, muitos colegas que se foram. A gente contou já mais de sessenta até agora, abril. Só que desses, mais de quarenta foram só de fevereiro pra cá. Acho que por causa dessa onda de contaminações, que tá mais letal, mas também por causa dos idosos e doentes. No ano passado, os sindicatos conseguiram uma liminar na justiça pra afastar, sem prejuízo de salário ou qualquer outra remuneração, os empregados da operação que fossem grupo de risco, porque operação não dá pra fazer home office né. Então, no ano passado, no período mais crítico da pandemia, nossos colegas mais vulneráveis estavam protegidos em casa. Mas aí o governo conseguiu derrubar a liminar, a vaca da juíza do TST atendeu o recurso da CPTM e mandou os trabalhadores pro abate. E agora, nessa nova onda, todos eles estão trabalhando. Trabalhando e morrendo, às dezenas. Não aguentamos mais contar os mortos.

OC. E como a categoria está respondendo a isso? Qual é o clima, está havendo mobilização?

Olha, o clima é, primeiro, de muita tristeza e angústia, porque realmente estamos sentindo muito as perdas dos nossos colegas. Muitos ali são amigos há décadas. Eu perdi um colega semana passada, um encarregado, que me entristeceu muito mesmo. Então é um clima pesado, você chega pra trabalhar e todo dia uma das duas coisas vai acontecer: ou você vai receber mais uma notícia de falecimento, ou você é que vai dar essa notícia pra outro colega.

Mas também tem um sentimento geral de revolta. Eu mesmo, estou falando aqui com vocês porque estou completamente revoltado. Estou morrendo de ódio. Ódio desses desgraçados que dirigem a empresa, dos governantes, do Estado, da cidade, do país, de todos eles. Eu tô vendo famílias sendo destruídas aos montes, vendo pessoas boas, honestas, sendo mandadas pro matadouro, esposas desamparadas, filhos perdendo seus pais, simplesmente porque os patrões, os caras que ganham e mandam, não querem saber de nada além do próprio lucro, isso em todos os setores. A ferrovia não pode parar porque aí o peão não chega na obra, o vendedor não chega na loja, o operário não chega na fábrica. E aí o lucro não chega na conta do patrão. Mas os patrões estão protegidinhos nas suas casas de campo, nas suas mansões, tomando vacina clandestinamente nos fundos da empresa, como a gente viu em Belo Horizonte.

E isso que eu tô te falando é generalizado. Tem gente mais exaltada e gente menos, mas todo mundo tá muito revoltado e muito triste. Mês passado fizemos, nós e os metroviários, um dia de luto, todo mundo foi trabalhar de preto em vez do uniforme. Pra chamar atenção, pressionar o governo, e também pra expressar nossa tristeza mesmo. Em grupo, de forma coletiva. É preciso se unir com seus iguais pra conseguir aguentar o peso da nossa realidade.

OC. Fala um pouco do sindicato, de como eles estão agindo…

Cara, a CPTM tem três sindicatos porque ela surgiu da unificação de outras empresas ferroviárias que existiam, e aí os sindicatos eram separados, e foram mantidos separados, porque é bom pro patrão, fica muito mais difícil de organizar a luta da categoria inteira, unida, e também os burocratas do sindicato se beneficiam, porque podem dividir o filé do imposto sindical, da grana dos sindicatos e tal.

Mas como muito se fala na categoria, se juntar os três sindicatos, não faz um. Os três são controlados por um bando de pelego, um monte de velho que tá há décadas vivendo de imposto sindical. Pra eles, nada mais importa, só o dinheiro que entra no caixa do sindicato. Trabalhar não trabalham, não, mas querem receber o máximo que conseguem. Então você pode imaginar, né… a CPTM faz o que quer com a categoria, e a gente não consegue reagir. Na maioria dos casos, eles já estão combinados com a empresa. A empresa já avisa o que vai fazer, se não mexer no dinheirinho deles, eles tão de acordo, não só não fazem nada contra como ajudam a segurar os ânimos da categoria. Ninguém confia neles, eu, desde que o imposto sindical deixou de ser obrigatório, eu faço questão de todo ano ir lá na sede levar uma carta assinada de próprio punho proibindo a empresa de descontar qualquer coisa minha pro sindicato, porque eu não trabalho pra sustentar vagabundo.

OC. E nesse momento que vocês estão vivendo, eles não fizeram nada?

Eles foram obrigados a mostrar serviço porque a pressão da categoria em cima deles tava muito forte. Nesse último mês aí, o copo começou a transbordar, ninguém aguentava mais. Ninguém aguentava mais ver os colegas sendo jogados pra morte sem ninguém fazer nada. Como uma encarregada nossa escreveu, no e-mail corporativo mesmo, ela mandou: “precisamos tomar uma atitude enquanto a nota de falecimento não é a nossa”. E aí, somado a isso, na mesma época a CPTM avisou que ia dar calote no nosso PPR. Aí os caras acordaram, né, hahaha, porque aí ia mexer no bolso deles. 

Não sei exatamente como funciona, mas me explicaram que o sindicato recebe uma porcentagem em cima do PPR de cada empregado, e isso, somando, dá uma bolada. E como são sindicatos corruptos, totalmente corruptos, o presidente de um deles foi até deposto dois anos atrás por corrupção, aí foi substituído por um bandido pior. Então, essa grana, é claro que não vai pra fortalecer nosso sindicato, vai pro bolso deles.

E aí, enfim, juntou tudo isso eles começaram a ameaçar greve. Só trucando a empresa, porque a última coisa que esses caras querem é que a categoria se mobilize, se organize, e perceba como eles são um bando de parasitas inúteis e que a gente não precisa deles. Aí eles começaram com essa, a gente aproveitou pra pressionar, né. Tão ameaçando greve, então vamo aproveitar e tentar organizar uma mobilização de verdade, vamo parar. Se o transporte de São Paulo parar um dia, no dia seguinte o Dória tá lá na porta da estação com uma mala de vacinas pra fazer a gente voltar.

OC. E como foi essa mobilização? Vocês vão mesmo fazer greve?

Foi uma tiração com a categoria. Os três sindicatos falaram que iam parar no dia 20 de abril. Na verdade, os metroviários e os condutores que puxaram esse movimento, greve sanitária em 20 de abril, porque a realidade deles é igualzinha a nossa. Gente morrendo todo dia. Aí os três sindicatos de ferroviários falaram que iam aderir, logo depois que a CPTM anunciou o calote no PPR. Aí começamos a cobrar assembleia pra organizar a greve, o Sorocabana marcou assembleia, o São Paulo, se não me engano, também, e o Central do Brasil já veio com uma patifaria, passar uma lista nas estações pro pessoal só assinar se era a favor ou contra.

Pois bem, no dia da assembleia do Sorocabana, eu fui, os caras não queriam nem deixar o pessoal entrar junto no prédio, alegando que seria aglomeração. Sobre a aglomeração cotidiana que a gente é obrigado a se submeter todo dia, eles nunca falaram nada. Aí o pessoal pressionou, subimos, tentamos fazer uma discussão, uma assembleia de verdade. Os caras bloquearam tudo. Tinha uma proposta da base da categoria, que foi apresentada pelo Comitê Contra a Privatização, um grupo de ferroviários que se organiza contra a privatização.

Foi mais de uma hora batendo boca com os diretores do sindicato, eles foram inflexíveis: não iam colocar nenhuma proposta da categoria pra votação, era só a proposta deles: mudar a data pro dia 27 e com pauta única, PPR. A categoria queria dia 20, pra unificar com as outras categorias, e queria inserir vacina, EPIs, afastamento do grupo de risco. Eles barraram. Já tavam com a cédula impressa, chantagearam o pessoal, tinha que escolher entre apoiar a proposta deles ou não ter mobilização nenhuma. Olha essa situação, a gente vendo os colegas morrerem todo dia e eles impediram de colocar a pauta da vacina! Porque eles não trabalham mesmo, estão em casa, não estão expostos. Só estavam mesmo preocupados com a PPR, porque era dinheiro pra eles também.

OC. Saiu na imprensa que os metroviários e ferroviários agora vão ser vacinados, né.

Então, depois desses acontecimentos, as ameaças de greve, as assembleias, o dia de luto, começamos a fazer também um abaixo-assinado colocando a pauta da vacina, que teve um apoio imenso nas linhas 8 e 9, pelo menos. Aí o governo começou a sentir a pressão. Eles perceberam que a categoria está revoltada e disposta a lutar, só não fizemos uma paralisação mesmo por causa do bloqueio do sindicato. E aí começaram a abrir, o Baldy, secretário de transportes, que é o responsável pelas questões de transporte de São Paulo, gravou até um vídeo falando como eles viam a importância dos metroviários e ferroviários, e iam começar a vacinar etc. Detalhe, esse honroso senhor, o Alexandre Baldy, foi preso no ano passado pela Lava-Jato, acusações de corrupção grossa. Esse é o cara que comanda Metrô e CPTM.

Mas, na minha opinião, eles só tentaram aliviar a situação, só isso. Acalmar os ânimos. Colocaram uma campanha pra iniciar quase um mês depois, só em 11 de maio, e vacinando só a partir de 47 anos, exceto na tração, os maquinistas, que serão todos vacinados. Não tem nenhum motivo sanitário pra essa divisão, é só que os maquinistas são mais estratégicos em uma paralisação, se eles pararem, o sistema para mesmo, porque não dá pra colocar qualquer um pra pilotar um trem, né. Os outros setores, estação, manutenção, são menos cruciais. Então é só uma estratégia pra diminuir os riscos de uma greve e tentar dividir a categoria. O pessoal começou a discutir, que um tem mais risco que o outro, pra mim não tem essa, temos que obrigar o governo a vacinar todos nós. Todos estamos na linha de frente, temos família, pais, avós, estamos todos no mesmo barco. Não podemos deixar eles dividirem a gente.

Mas é isso, é uma campanha bem insuficiente, demora pra começar, só pega uma parte do pessoal, não tem nenhuma previsão pro resto dos empregados. Inclusive, não podemos esquecer aqui que quem faz a ferrovia funcionar são os empregados diretos da CPTM mais os terceirizados, de limpeza, segurança, QR Code. Todos estamos igualmente expostos.

OC. Também saiu na imprensa o leilão das linhas 8 e 9 da CPTM. Como está essa situação?

Bom, o governo estadual está tentando privatizar essas duas linhas faz tempo, né. Por uma razão muito simples, elas têm um fluxo de passageiros imenso, roda um dinheiro absurdo nas estações todo dia, eu falo isso sabendo, já que trabalho em bilheteria também, e deposito aí uns quatro, cinco pau por turno, só em uma estação. Então passou a ser rentável, agora faz sentido pro empresário assumir a operação a pegar todo esse lucro. Como os governos estão a serviço dos patrões, é missão deles fazer esse corre.

E na semana passada, depois de muitos percalços, o leilão finalmente saiu. A CCR, um consórcio de empreiteiras corruptas, que já é dona das linhas 4 e 5 do metrô, pedágios etc., levou, pra surpresa de ninguém. Vão pagar menos de um bilhão pelas duas linhas mais rentáveis da CPTM.

OC. E o que isso representa pra vocês, empregados?

É uma merda, né. Vai ter demissão a rodo. Essa semana a CPTM oficializou o Programa de Demissão Incentivada. Ofereceu uma merreca pra quem quiser sair porque sabe que tem muita gente que não aguenta mais. Tá um inferno a nossa rotina de trabalho, faz uns dois anos que só piora, isso vem desde antes da pandemia. Nesses últimos meses, vários pediram a conta, saíram com uma mão na frente, outra atrás. Aí a CPTM está oferecendo essa merreca pra se livrar do que der, o que não der, acredito que eles vão tentar forçar a pedir demissão, deslocando pra trabalhar em um posto muito distante de casa, duas horas, três horas de deslocamento. E, se precisar, acho que vão simplesmente demitir o que faltar mesmo. 

Tem uma outra questão importante, a gente tem muitos empregados já aposentados, com um valor de rescisão altíssimo. Muitos deles estavam esperando ser mandados embora pra receber o direito. Esse PDI aí limita a indenização a um teto, bem abaixo do que eles receberiam. Então é uma forma da empresa economizar, pagar menos pros seus empregados. Mas isso não é o pior. Muitos desses colegas mais velhos morreram, e continuam morrendo semana a semana. Muitos mesmo. Os aposentados, naturalmente, são mais velhos, e estão no grupo de risco. 

Depois de trabalhar vinte e cinco, trinta anos na ferrovia, esperavam receber seus direitos pra ir embora, mas, em vez disso, morreram em serviço. Isso, pra empresa, é o melhor cenário, ela se livra do cara que pra ela é um estorvo, com uma rescisão cara, e não paga nada, é só cancelar a matrícula. Então, pra mim, vou falar claramente: isso não é acidente, não é coincidência. A direção da CPTM sabe que quanto mais tempo deixar os idosos trabalhando, sem vacina, mais deles vão morrer, e menos verbas rescisórias a empresa vai dever. Se livra do cara de graça. Cada colega idoso nosso que morre, a gente chora, mas a empresa comemora. São uns canalhas, uns desgraçados.

OC. Muito difícil a situação de vocês companheiro… e quais são suas perspectivas pra categoria? O que você acha que precisa ser feito pra sair dessa situação?

Eu acho, em primeiro lugar, que essa merda toda serviu pra mostrar pra peãozada que os patrões, os chefes, os diretores, os governantes, não estão nem aí pra gente. A gente tá numa situação que é literalmente de vida ou morte, e a atitude deles é exatamente a mesma de sempre. Pra eles, a gente morrer ou viver não faz a menor diferença. A chefaiada tá em casa, de home office, recebendo seus salários e bônus, tranquilona, enquanto nossos colegas estão morrendo, deixando famílias desalentadas, sonhos destruídos.

Mas, mais importante que isso, eu acho que mostrou que a gente não tem sangue de barata e tá disposto a lutar. A gente não tá morto. Estamos revoltados, e a categoria está realmente tentando se organizar e se mobilizar. Nas estações, o pessoal conversa sobre isso, vários grupos de zap são criados pra tentar organizar a galera e pensar em soluções. A categoria tem disposição. A gente só precisa conseguir se organizar.

Nossos sindicatos, infelizmente, estão controlados por pilantras. Pilantras. É por isso que a gente só apanha da empresa e não reage. Ninguém é otário, a gente vê as porradas, a gente quer revidar, mas sozinho não dá, temos medo, temos família pra criar, precisamos do emprego. Então eu acho que o caminho pra gente é se organizar, com os nossos colegas que estão ali no pau todo dia, do nosso lado. Se organizar, pensar juntos o que fazer, construir uma mobilização com todo mundo, como estamos tentando fazer. E aí enfrentar os patrões, porque unidos, em centenas, a gente é mais forte que eles, se a gente tiver mobilizados, eles não têm coragem de mandar embora.

E a gente também precisa dos nossos sindicatos. Temos que expulsar esses pelegos que estão pendurados lá há décadas, que trabalham pro patrão, essa é a verdade. Temos que tirar o sindicato deles, e colocar a serviço dos trabalhadores, contra o patrão. O sindicato é uma associação nossa.

Acho que só se mobilizando a gente tem alguma perspectiva. Se não, é daqui pra baixo. Nossos colegas continuam morrendo, não temos reajuste há dois anos e tomamos calote na PPR, enquanto os bônus da diretoria e os desvios comem soltos. Vamos perder nossos empregos, pra CCR contratar novos funcionários ganhando metade do que a gente ganha. Não podemos baixar a cabeça. Senão o futuro, o nosso, dos nossos filhos, dos nossos netos, vai ser ainda pior do que tá hoje.


Companheiro, obrigado pela entrevista, a gente sabe do risco de perseguição na empresa. Estamos no apoio das mobilizações de vocês.

E o Corneta continua à disposição dos trabalhadores que queiram botar a boca no trombone. Se tiver alguma denúncia de abuso, alguma cobrança ou informação sobre a sua empresa, nos envie, e ela será publicada. Sempre de forma anônima, protegendo o trabalhador das retaliações. O Corneta é feito pelos trabalhadores. Contribua!