O Brasil vive uma crise política e institucional sem paralelo na história recente. Os poderes batem cabeça como não se via há décadas, numa guerra quase declarada. Os congressistas, destruindo o pacote contra corrupção do MPF, rindo de toda a nação, tangenciam o ponto de ruptura das instituições. Renan Calheiros cairá, não sem antes abalar as frágeis instituições.
Na semana passada, o Congresso Nacional enojou o país ao costurar um acordo entre as lideranças dos principais partidos burgueses, de PT a PMDB e PSDB, passando por todas as legendas de aluguel, para anistiar a si mesmos do crime de Caixa 2 para campanha eleitoral. Apenas PSOL e REDE não participaram da articulação. Diante disso, grupos pequeno-burgueses de direita convocaram manifestação, tardia, para 4 de dezembro.
Muito se discute hoje sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que agora se chamará, no Senado, PEC 55. Após aprová-la, com folga, na Câmara, o governo pretende aprová-la com urgência no Senado. O texto abaixo faz uma explicação sintética do que é a PEC e, em seguida, uma série de apontamentos sem os quais, pensamos, é impossível lutar de verdade, e até o limite, contra a PEC anunciada por Temer.
Nem começou e o governo Temer já caiu em descrédito. Temer, o vice cuja popularidade chega a 2%, foi condenado na última semana por gastos abusivos em doações eleitorais e é agora considerado “ficha-suja”, inelegível por oito anos. Pela primeira vez na história deste país teremos uma figura sabidamente “ficha-suja” conduzindo a nação.
Diante da votação do impeachment, é hora de falar, sem medo e em alto e bom som: Fora Dilma! E mais: é hora de preparar a verdadeira luta contra Temer, que mais cedo ou mais tarde virá com força redobrada. Temer: você é o próximo a cair!
Neste momento só um milagre salva o governo Dilma. Quadros importantes do PT (no parlamento ou fora) já jogaram a toalha. Grande parte dos movimentos sociais jogou a toalha.
Acolhido o pedido de impeachment por Eduardo Cunha, é grande a possibilidade de tornar-se uma bola de neve implacável contra Dilma Rousseff. O PT fez um cálculo político arriscado; percebeu que se seguisse nas mãos de Cunha seria obrigado a enfrentar o impeachment amanhã, da mesma forma, mas em condições ainda piores.
A saída do PT do governo, ao favorecer a luta autônoma da classe trabalhadora, é hoje uma tática para acelerar o reagrupamento da esquerda revolucionária em torno de um novo projeto, ou melhor, em torno do velho projeto marxista da dualidade de poder.